Comandante determinou que militares se vacinem, usem máscara e não divulguem fake news. Bolsonaro está incomodado com as diretrizes da força
O Comando do Exército prepara nota de esclarecimento sobre as diretrizes de combate à pandemia de covid-19. Na última quinta-feira (6), foi divulgado que os militares que retornaram ao trabalho presencial devem ser vacinados, além da proibição de espalhar fake news relacionadas ao vírus. A medida teria irritado Jair Bolsonaro (PL) — que é contra a exigência da vacina.
Em reunião na tarde da sexta-feira (7), o ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, deixou clara a contrariedade com a repercussão do documento assinado pelo comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.
Os protocolos divergem do posicionamento de Bolsonaro, que sempre se colocou contra a obrigatoriedade da vacinação para os servidores. Desde o ano passado, o governo federal só exige a imunização completa de colaboradores com comorbidades, mas que desejam retornar ao regime presencial. Para os demais, a instrução normativa do Executivo não cita necessidade de imunização.
PORTARIA DO MINISTÉRIO DA DEFESA
Apesar do incômodo do Planalto, a diretriz do Exército segue com a portaria de 29 de novembro do Ministério da Defesa.
Assinada pelo general Braga Netto, que entrou em vigor dia 3 de janeiro, a portaria, no parágrafo 3º, destaca que os servidores e militares da administração central do Ministério da Defesa, com exceção de pessoas com comorbidades e outros casos específicos, “retornarão às atividades presenciais 15 dias após terem se imunizado contra a covid-19”.
Segundo o Exército, o objetivo é o retorno pleno de todas as atividades administrativas e operacionais. O comandante afirmou ser necessário avaliar a volta às atividades presenciais dos servidores, desde que respeitado o período de 15 dias após a imunização.
“Os casos omissos sobre cobertura vacinal deverão ser submetidos à apreciação do DGP [Departamento-Geral do Pessoal], para adoção de procedimentos específicos”, está explicado no documento assinado pelo comandante Paulo Sérgio Nogueira.
Por lei, as Forças Armadas exigem que seus servidores se vacinem contra febre amarela, tétano e hepatite B. Assim, nada mais natural e operacional, que por analogia esses servidores, diante da pandemia, se vacinem contra a covid-19, a fim de voltar com segurança ao trabalho presencial.
FAKE NEWS
Outro ponto dessa diretriz do Exército que incomodou Bolsonaro é o que proíbe que os militares divulguem nas redes sociais qualquer informação sobre a pandemia sem antes confirmar a fonte e checar se essa é verdadeira, ou seja, não pode divulgar as chamadas fake news.
O documento determina ainda que os servidores devem orientar os parentes a agirem da mesma forma.
A norma ainda determina que “não deverá haver difusão de mensagens em redes sociais sem confirmação da fonte e da veracidade da informação” e que, “além disso, os militares deverão orientar os seus familiares e outras pessoas que compartilham do seu convívio para que tenham a mesma conduta”.
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