
O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão (PRTB), tem feito encontros políticos com nomes ligados ao Progressistas (PP), PSDB, MDB, PSD e DEM.
Trata-se de uma agenda própria montada pelo vice-presidente, especialmente com o isolamento crescente de Bolsonaro, que contempla um amplo espectro de parlamentares contrariados com o governo antidemocracia de Bolsonaro. Além de lideranças de partidos de centro, a agenda contempla ainda relações com magistrados, diplomatas e empresários.
Uma boa parte desses eventos não foi registrada na agenda oficial do vice-presidente.
Em julho, Bolsonaro, como de costume, hostilizou o vice-presidente quando disse em entrevista a uma rádio de João Pessoa que vice é como cunhado, você “casa e tem que aturar”. Ele afirmou ainda que escolheu o militar da reserva para a chapa às pressas. A partir daí Mourão decidiu atuar com mais efetividade.
Mourão recebeu fora da agenda oficial o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, alvo de Bolsonaro que acusou o ministro fraudar as eleições ao defender as urnas eletrônicas e o tribunal dos ataques do presidente.
O encontro deixou Bolsonaro irritado e foi revelado pelo Estadão. Bolsonaro havia anunciado que pediria ao Senado o impeachment de Barroso e do colega de STF, Alexandre de Moraes. No fim das contas, só o pedido contra Moraes foi apresentado, e rejeitado em seguida.
Em 31 de agosto, Mourão recebeu o deputado federal Raul Henry (MDB-PE). O parlamentar apresentou, dias antes, parecer contrário à proposta de emenda à Constituição (PEC) do voto impresso, rejeitada em seguida pela Câmara.
No dia 1º de setembro, Mourão se encontrou com o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), vice-presidente do Senado. “Diferentemente dos posicionamentos do atual presidente (da República), o vice-presidente Mourão sabe muito bem o significado de manter a sociedade civil à frente das decisões tomadas. (Sabe a importância do) regime democrático, sem absolutamente abrir espaço para exceções, do tipo ‘golpe’”, disse o senador paraibano. Mourão também se encontrou no Jaburu com o presidente do MDB, deputado federal Baleia Rossi (SP).
Ainda em meados de agosto, o vice-presidente recebeu em seu gabinete o ex-ministro Carlos Marun, que tem atuado para que o MDB, seu partido, abrace a tese do impeachment.
Marun estimulou Mourão “a atuar politicamente de forma mais efetiva”, em suas próprias palavras, inclusive buscando um partido maior que o PRTB, atual legenda do vice. Este encontro também não estava na agenda oficial.