As celebrações dos 50 anos de relações diplomáticas entre Brasil e China contaram com uma sessão solene do Congresso Nacional na última quinta-feira (15). A solenidade foi proposta pelos deputados Fausto Pinato (PP-SP) e Daniel Almeida (PCdoB-BA) e pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS) e também contou com a presença da ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos.
Embaixador da República Popular da China, Zhu Qingqiao destacou como ponto forte das relações sino-brasileiras a persistência em buscar o respeito mútuo, o desenvolvimento conjunto e o fortalecimento dos laços interpessoais.
“As relações sino-brasileiras atravessam hoje o seu melhor momento histórico, repletas de vitalidade e dinamismo, tal como os magníficos rios Yangtze e Amazonas, que fluem caudalosos em seus avanços incessantes”, disse o embaixador da China no Brasil.
Citando o filósofo chinês Confúcio, Qingqiao disse que é aos 50 anos que conhecemos o destino, sugerindo que ao chegarmos à meia idade adquirimos sabedoria e discernimento para reconhecer nosso propósito.
“Estamos profundamente entusiasmados em unir forças com amigos de todas as esferas da sociedade brasileira, seguindo a direção traçada pelos nossos líderes para impulsionar as relações sino-brasileiras a novos patamares e mantê-las na vanguarda do nosso tempo”, disse o embaixador.
Zhu Qingqiao lembra ainda das parcerias como os projetos de transmissão de energia de ultra-alta tensão, que atravessa o Brasil de norte a sul; de transporte ferroviário urbano de São Paulo, que beneficia cerca de 1,5 milhão de pessoas em onze municípios; de demonstração da mecanização agrícola familiar no Estado do Rio Grande do Norte; e o programa conjunto de satélites de recursos terrestres.
“A China está pronta para trabalhar com o Brasil para assumir as nossas responsabilidades históricas, defender o multilateralismo, defender a equidade e a justiça e construir conjuntamente uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade. Oferecemos pleno apoio ao Brasil na organização da cúpula do G20 no Rio de Janeiro, da reunião de líderes do Brics e da COP 30 nestes dois anos”, finaliza.
O deputado Daniel Almeida, presidente do grupo parlamentar Brasil-China na Câmara dos Deputados, lembrou a chegada dos primeiros imigrantes chineses ao Brasil em 1810 no Rio de Janeiro, em uma parceria para o cultivo de chá na Floresta da Tijuca. Almeida destacou ainda que foi organizada uma exposição na Câmara dos Deputados para marcar os 50 anos das relações entre os países, com o objetivo de mostrar diferenças e similaridades em áreas como economia, agricultura, esportes, vegetação, tecnologia, gastronomia, entre outras.
“Brasil e China estão altamente comprometidos com essas pautas, seja com a busca da transição energética, da construção de uma aliança global contra a fome e a disposição para buscar soluções para os conflitos bélicos em curso no globo”, observa.
O deputado diz que o Brasil e a China encontraram um ponto comum para seguir os acordos que expandem significativamente desde então para além do comércio e da economia. “Atualmente, investimentos em cultura, ciência, tecnologia e cooperação estratégica também fazem parte do conjunto de pautas de cooperação entre as nações”, lembra.
O parlamentar também destaca a relação comercial que cresceu 7,4% em relação ao mesmo período de 2023.
“E provavelmente, neste ano, representará um novo recorde comercial. O intuito é que os países continuem criando estímulo ao setor industrial e ao desenvolvimento em ciência, tecnologia e inovação. A ministra esteve na China algumas vezes, no ano passado, quando teve a oportunidade de acompanhar o presidente Lula e vários acordos ali foram assinados entre eles na área de ciência e tecnologia”, diz Daniel.
PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, lembrou que a China é o país que mais registra patentes de produtos no mundo.
“É o país que mais produz conhecimento no mundo, segundo os principais rankings de publicação científica”, disse a ministra. Luciana Santos afirmou que o governo brasileiro tem interesse em aprofundar a colaboração com a China em tecnologias emergentes, como a inteligência artificial, tecnologias quânticas, supercomputação e semicondutores.
“Na área da ciência, tecnologia e inovação, a China, certamente, é um modelo que impressiona. Desde 2020, é o país que mais produz conhecimento no mundo segundo os principais rankings de publicação científica”, destaca a ministra.
O Brasil, por sua vez, não fica muito atrás nesses rankings. “Pela publicação de papers, pela nossa capacidade produtiva, nós estamos na posição de 13º no mundo”, revela.
De acordo com Luciana, há muitos anos o país asiático é o que mais deposita patentes de invenção, sendo outro indício da liderança no processo inovador.
“A sua aposta no modelo de desenvolvimento intensivo em tecnologia e inovação e de forma verde e sustentável para a modernização econômica é o caminho que está sendo aplicado aqui no governo do presidente Lula”, diz.
DESENVOLVIMENTO
Coordenador da Frente Parlamentar Brasil-China na Câmara dos Deputados, o deputado Fausto Pinato destacou a importância da parceria comercial entre os países. “A China é o nosso maior parceiro comercial, com um intercâmbio que abrange desde commodities até tecnologia e infraestrutura. Além disso, investimentos chineses têm apoiado desenvolvimento de setores chave no Brasil, como energia, transporte e telecomunicação.”
Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil, tendo se tornado, no ano passado, o primeiro país a comprar mais de US$ 100 bilhões em produtos brasileiros no período de um ano, com destaque para soja, petróleo e minério de ferro. A China é o destino de 30,7% das exportações brasileiras e responde por 52% do superávit da balança comercial do país. Por outro lado, o Brasil importa mais de US$ 50 bilhões em produtos chineses.
Durante a solenidade foram lançados uma moeda e um selo comemorativos.