Brasil perde 500 mil vidas para o coronavírus

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Neste sábado, o Brasil atingiu a marca de 500 mil óbitos para o coronavírus - Foto: Michael Dantas/AFP

Enquanto povo vai às ruas por mais vacina, Bolsonaro silencia sobre meio milhão de mortes e volta a defender uso da cloroquina

Neste 19 de junho, dia em que milhares de pessoas tomaram as ruas de mais de 400 cidades em protestos por vacina e contra o governo Bolsonaro, o Brasil ultrapassa a infame marca de meio milhão de vidas perdidas para a pandemia de coronavírus.

O País registrou 2.301 novos óbitos neste sábado, totalizando 500.800 mortes desde o início da crise sanitária, em março de 2020. Os dados são do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, o Conass, e foram divulgados às 18 horas de hoje.

Também foram registrados 82.288 novos casos de Covid-19, num total de 17.883.750 casos.

500 mil brasileiros e brasileiras mortos não somente pela Covid-19, mas também por um governo liderado por um presidente negacionista que, desde o início da pandemia, atuou contra as necessidades mais urgentes do povo brasileiro. Um criminoso que não demonstra qualquer empatia diante desta tragédia e que, ainda hoje, renega a vacina e aposta com a vida dos brasileiros em medicamentos comprovadamente ineficazes contra o coronavírus.

O avanço da pandemia no Brasil se deu num ritmo assustador. Desde o primeiro óbito, registrado em 17 de março de 2021, levamos 144 dias para chegar aos primeiros 100 mil e mais 152 dias até os 200 mil. A partir de então, a velocidade acelerou, com 76 dias para atingirmos a marca de 300 mil mortes e somente 36 dias para as 400 mil. Apenas 51 dias depois, chegamos aos 500 mil, mostrando que o vírus não recuou e continua matando brasileiros em níveis alarmantes.

Em nenhum desses momentos, Bolsonaro teve a coragem de se solidarizar com as vítimas da pandemia. Muito pelo contrário.

Brasil ocupa a segunda colocação no número total de óbitos por Covid-19, atrás somente dos Estados Unidos, que ultrapassou 600 mil

Defesa da cloroquina e negação da vacina

Na sexta-feira (18), em discurso na cidade de Marabá, no Pará, Bolsonaro atacou a Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado que apura os crimes cometidos contra a saúde durante a pandemia e também voltou a criticar governadores que adotaram medidas restritivas para tentar reduzir a disseminação do vírus.

“Recomendo àqueles que porventura tenham problema com a Covid que procurem um remédio para o tratamento precoce”, disse Bolsonaro, afirmando que ele próprio usou o medicamento. “Eu, lá atrás, tomei hidroxicloroquina, assim como muitos tomaram ivermectina. Isso não mata ninguém”, declarou em seguida, contrariando que a orientação mínima do próprio Ministério da Saúde de que uma pessoa com sintomas de Covid deva procurar o serviço de saúde mais próximo.

Novamente, Bolsonaro se negou a utilizar máscara e chegou, inclusive, a incentivar um de seus apoiadores a retirar o equipamento de segurança para conversar com ele durante o evento.

Um dia antes, durante sua live nas redes sociais, o ataque de Bolsonaro foi contra a única saída que possuímos para vencermos a pandemia: as vacinas.

Segundo ele, a infecção pelo coronavírus protege as pessoas mais do que a vacinação.

“Todos que já contraíram o vírus estão vacinados. Até de forma mais eficaz que a própria vacina, porque você pegou o vírus para valer. Então, quem pegou o vírus, não se discute, está imunizado”, declarou Bolsonaro, num incentivo claro para as pessoas não se imunizarem.

O mesmo presidente que atuou contra a compra da vacina CoronaVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan e pelo laboratório chinês Sinovac, e que ignorou sucessivas ofertas da multinacional Pfizer para tornar o Brasil “um modelo de vacinação”, defende novamente a tática da “imunidade de rebanho”, tratando o povo como gado e o deixando à mercê da doença.   

Reiteração do crime

As declarações de Bolsonaro foram imediatamente rebatidas pelo relator da CPI da Covid, o senador Renan Calheiros.

“A continuidade criminosa da defesa da imunização de rebanho, do desdém com a eficácia da vacina e o exemplo do próprio presidente de que ele era a imunização natural, porque havia contraído o vírus. Essa irresponsabilidade não pode continuar. Isso é a reiteração do crime”.

“Não dá mais para continuarmos a ver o chefe de governo escarnecer de vidas quando perdemos 500 mil brasileiros. Muitas perdas causadas por sua pulsão de morte”, ressaltou Renan Calheiros.

Manifestantes no Rio de Janeiro relembraram as 500 mil vidas perdidas para a Covid-19 – Foto: Andre Borges / AFP)

Situação crítica

Enquanto Bolsonaro favorece o vírus, a pandemia segue em situação crítica. Segundo o último Boletim Covid-19 da Fiocruz, a taxa de ocupação de leitos de UTI permanece acima dos 80% em 18 dos principais estados brasileiros, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Pernambuco e Bahia. Assim como a taxa de contágio e a média móvel de óbitos estão em patamares elevados. No caso dos óbitos, há mais de 45 dias, seguimos com média de duas mil mortes diárias.  

Especialistas alertam que a situação deve ser manter grave ainda por muito tempo, já que, ainda enfrentamos dificuldades para acelerar a vacinação, principalmente pela falta de vacinas.

Segundo dados do Conass, apenas 11,41% da população, 24.171.806 de pessoas, recebeu as duas doses da vacina até agora. A primeira dose foi aplicada em 61.859.364 pessoas, o que corresponde a 29,21% da população do país.

Os números estão muito abaixo do que é considerado necessário para barrar o avanço da pandemia, cerca de 70% da população brasileira.

O Brasil possui atualmente 513 milhões de doses de vacina contratadas, o que pode garantir a imunização de cerca de 200 milhões de brasileiros. Apesar da sabotagem de Bolsonaro, os esforços do Instituto Butantan e da Fiocruz e a parceria com laboratórios como o Sinovac, AstraZeneca, Pfizer e o Instituto Gamaleya, que produz a Sputnik V, podem garantir a imunização do nosso povo.

Diariamente, governadores e prefeitos estão atuando para acelerar o ritmo de vacinação e isso tem dado resultados. Nesta semana, alcançamos a marca de 2 milhões de doses aplicadas num único dia pela primeira vez desde o início da campanha.   

Vacina é a saída

Dois estudos conduzidos por instituições brasileiras comprovam isso. O Projeto Serrana, desenvolvido pelo Instituto Butantan, que imunizou os adultos do município do interior de São Paulo, apontou que, com um índice de vacinação de 75% da população alvo, o índice de mortalidade da Covid-19 caiu 95%.

Levantamento da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) aponta outro índice satisfatório. A vacinação de idosos, realizada desde o início do ano, salvou a vida de 40 mil pessoas acima dos 70 anos no Brasil.

Apesar do que pensa e diz Bolsonaro, o que a ciência comprova é que a solução para sairmos da crise está na vacina.

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