Enquanto povo vai às ruas por mais vacina, Bolsonaro silencia sobre meio milhão de mortes e volta a defender uso da cloroquina
Neste 19 de junho, dia em que milhares de pessoas tomaram as ruas de mais de 400 cidades em protestos por vacina e contra o governo Bolsonaro, o Brasil ultrapassa a infame marca de meio milhão de vidas perdidas para a pandemia de coronavírus.
O País registrou 2.301 novos óbitos neste sábado, totalizando 500.800 mortes desde o início da crise sanitária, em março de 2020. Os dados são do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, o Conass, e foram divulgados às 18 horas de hoje.
Também foram registrados 82.288 novos casos de Covid-19, num total de 17.883.750 casos.
500 mil brasileiros e brasileiras mortos não somente pela Covid-19, mas também por um governo liderado por um presidente negacionista que, desde o início da pandemia, atuou contra as necessidades mais urgentes do povo brasileiro. Um criminoso que não demonstra qualquer empatia diante desta tragédia e que, ainda hoje, renega a vacina e aposta com a vida dos brasileiros em medicamentos comprovadamente ineficazes contra o coronavírus.
O avanço da pandemia no Brasil se deu num ritmo assustador. Desde o primeiro óbito, registrado em 17 de março de 2021, levamos 144 dias para chegar aos primeiros 100 mil e mais 152 dias até os 200 mil. A partir de então, a velocidade acelerou, com 76 dias para atingirmos a marca de 300 mil mortes e somente 36 dias para as 400 mil. Apenas 51 dias depois, chegamos aos 500 mil, mostrando que o vírus não recuou e continua matando brasileiros em níveis alarmantes.
Em nenhum desses momentos, Bolsonaro teve a coragem de se solidarizar com as vítimas da pandemia. Muito pelo contrário.
Defesa da cloroquina e negação da vacina
Na sexta-feira (18), em discurso na cidade de Marabá, no Pará, Bolsonaro atacou a Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado que apura os crimes cometidos contra a saúde durante a pandemia e também voltou a criticar governadores que adotaram medidas restritivas para tentar reduzir a disseminação do vírus.
“Recomendo àqueles que porventura tenham problema com a Covid que procurem um remédio para o tratamento precoce”, disse Bolsonaro, afirmando que ele próprio usou o medicamento. “Eu, lá atrás, tomei hidroxicloroquina, assim como muitos tomaram ivermectina. Isso não mata ninguém”, declarou em seguida, contrariando que a orientação mínima do próprio Ministério da Saúde de que uma pessoa com sintomas de Covid deva procurar o serviço de saúde mais próximo.
Novamente, Bolsonaro se negou a utilizar máscara e chegou, inclusive, a incentivar um de seus apoiadores a retirar o equipamento de segurança para conversar com ele durante o evento.
Um dia antes, durante sua live nas redes sociais, o ataque de Bolsonaro foi contra a única saída que possuímos para vencermos a pandemia: as vacinas.
Segundo ele, a infecção pelo coronavírus protege as pessoas mais do que a vacinação.
“Todos que já contraíram o vírus estão vacinados. Até de forma mais eficaz que a própria vacina, porque você pegou o vírus para valer. Então, quem pegou o vírus, não se discute, está imunizado”, declarou Bolsonaro, num incentivo claro para as pessoas não se imunizarem.
O mesmo presidente que atuou contra a compra da vacina CoronaVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan e pelo laboratório chinês Sinovac, e que ignorou sucessivas ofertas da multinacional Pfizer para tornar o Brasil “um modelo de vacinação”, defende novamente a tática da “imunidade de rebanho”, tratando o povo como gado e o deixando à mercê da doença.
Reiteração do crime
As declarações de Bolsonaro foram imediatamente rebatidas pelo relator da CPI da Covid, o senador Renan Calheiros.
“A continuidade criminosa da defesa da imunização de rebanho, do desdém com a eficácia da vacina e o exemplo do próprio presidente de que ele era a imunização natural, porque havia contraído o vírus. Essa irresponsabilidade não pode continuar. Isso é a reiteração do crime”.
“Não dá mais para continuarmos a ver o chefe de governo escarnecer de vidas quando perdemos 500 mil brasileiros. Muitas perdas causadas por sua pulsão de morte”, ressaltou Renan Calheiros.
Situação crítica
Enquanto Bolsonaro favorece o vírus, a pandemia segue em situação crítica. Segundo o último Boletim Covid-19 da Fiocruz, a taxa de ocupação de leitos de UTI permanece acima dos 80% em 18 dos principais estados brasileiros, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Pernambuco e Bahia. Assim como a taxa de contágio e a média móvel de óbitos estão em patamares elevados. No caso dos óbitos, há mais de 45 dias, seguimos com média de duas mil mortes diárias.
Especialistas alertam que a situação deve ser manter grave ainda por muito tempo, já que, ainda enfrentamos dificuldades para acelerar a vacinação, principalmente pela falta de vacinas.
Segundo dados do Conass, apenas 11,41% da população, 24.171.806 de pessoas, recebeu as duas doses da vacina até agora. A primeira dose foi aplicada em 61.859.364 pessoas, o que corresponde a 29,21% da população do país.
Os números estão muito abaixo do que é considerado necessário para barrar o avanço da pandemia, cerca de 70% da população brasileira.
O Brasil possui atualmente 513 milhões de doses de vacina contratadas, o que pode garantir a imunização de cerca de 200 milhões de brasileiros. Apesar da sabotagem de Bolsonaro, os esforços do Instituto Butantan e da Fiocruz e a parceria com laboratórios como o Sinovac, AstraZeneca, Pfizer e o Instituto Gamaleya, que produz a Sputnik V, podem garantir a imunização do nosso povo.
Diariamente, governadores e prefeitos estão atuando para acelerar o ritmo de vacinação e isso tem dado resultados. Nesta semana, alcançamos a marca de 2 milhões de doses aplicadas num único dia pela primeira vez desde o início da campanha.
Vacina é a saída
Dois estudos conduzidos por instituições brasileiras comprovam isso. O Projeto Serrana, desenvolvido pelo Instituto Butantan, que imunizou os adultos do município do interior de São Paulo, apontou que, com um índice de vacinação de 75% da população alvo, o índice de mortalidade da Covid-19 caiu 95%.
Levantamento da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) aponta outro índice satisfatório. A vacinação de idosos, realizada desde o início do ano, salvou a vida de 40 mil pessoas acima dos 70 anos no Brasil.
Apesar do que pensa e diz Bolsonaro, o que a ciência comprova é que a solução para sairmos da crise está na vacina.