“BRICS deve orientar o mundo no caminho da paz e do desenvolvimento”, destacou o presidente da China
Em seu discurso na cúpula de Kazan desta semana, o presidente chinês Xi Jinping convocou a “trabalhar juntos para transformar o BRICS em um canal primordial para fortalecer a solidariedade e a cooperação entre as nações do Sul Global e avançar a reforma da governança global”.
“A reforma da governança global está atrasada há muito tempo. Devemos defender o verdadeiro multilateralismo e aderir à visão de governança global caracterizada por ampla consulta, contribuição conjunta e benefícios compartilhados”, enfatizou.
“À medida que o mundo entra em um novo período definido por turbulência e transformação, devemos permitir que o mundo desça ao abismo da desordem e do caos, ou devemos nos esforçar para orientá-lo de volta ao caminho da paz e do desenvolvimento?”, ele questionou aos presentes.
“É por nossa busca compartilhada e pela tendência abrangente de paz e desenvolvimento que nós, países do BRICS, nos unimos”, afirmou Xi Jinping, classificando como um grande progresso no desenvolvimento do bloco o convite a mais países para se tornarem parceiros.
“Os desenvolvimentos atuais tornam a reforma da arquitetura financeira internacional ainda mais urgente. Devemos aprofundar a cooperação fiscal e financeira, promover a conectividade de nossa infraestrutura financeira e aplicar altos padrões de segurança financeira.”
O presidente Xi enfatizou o compromisso dos BRICS com a paz e a segurança comum. “Somente abraçando a visão de segurança comum, abrangente, cooperativa e sustentável podemos abrir caminho para a segurança universal.”
Ele se referiu à proposta da China e do Brasil para a crise na Ucrânia: “O objetivo é reunir mais vozes que defendem a paz. Devemos defender os três princípios fundamentais: nenhuma expansão dos campos de batalha; nenhuma escalada das hostilidades; e esforços para uma rápida desescalada da situação”.
O líder chinês também cobrou um cessar-fogo imediato e o fim da matança no Oriente Médio e uma “resolução abrangente, justa e duradoura da questão palestina”.
Xi chamou também os integrantes do BRICS à inovação e ao desenvolvimento de alta qualidade, como a China está se propondo, e a promoverem o desenvolvimento e a cooperação verde. Ele concluiu chamando o bloco e os países da Maioria Global à cooperação para construção de uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade.
Realizada de 22 a 24 de outubro em Kazan, na Rússia, a 16ª cúpula consolidou a liderança dos BRICS no esforço para tornar o mundo multipolar e mais democrático, justo e seguro, em superação da herança neocolonial e da atual ordem unipolar. O BRICS tem sido o motor do crescimento global, representa quase a metade da população do planeta e 36,7% do PIB global, e portanto já superou o G7, com 29,3%.
Na cúpula, o bloco, ampliado há um ano para acrescer Egito, Emirados Árabes, Etiópia, Irã e Arábia Saudita aos cinco integrantes iniciais, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, aprovou convite de parceria a mais 13 países da Maioria Global, entre eles Vietnã, Argélia, Cuba, Indonésia e Nigéria.
Entre outras decisões, a cúpula de Kazan aprovou o fortalecimento do uso das moedas nacionais no intercâmbio intrabloco e do Novo Banco de Desenvolvimento, bem como iniciativas como o Acordo Contingente de Reservas. Também reiterou sua oposição às sanções unilaterais e conclamou à reforma das instituições internacionais para dar voz à Maioria Global, com o direito internacional e a Carta da ONU no centro.
O BRICS+ e o contraponto para o equilíbrio do planeta. Chega de servidão à UE e USA.