Cadeia Alimentar II: operação apura fraude na compra de merenda em SP

O Ministério Público Federal (MPF), em conjunto com a Polícia Federal (PF), deflagrou a segunda fase da operação Cadeia Alimentar nesta terça-feira (26), contra um esquema de fraude na compra de merenda escolar em cerca de 50 prefeituras do estado de São Paulo, nos períodos de 2013 à 2017.

Cerca de 240 policiais prenderam 20 suspeitos e cumpriram 55 mandados de busca e apreensão. Sete investigados são foragidos. Os presos foram levados para as sedes da PF em Santos, capital, Piracicaba, Sorocaba, Campinas, Araraquara e Ribeirão Preto.

As ordens foram expedidas pela 4ª Vara da Justiça Federal de Ribeirão Preto, que determinou ainda o bloqueio de R$ 2 bilhões dos investigados. 

Entre os alvos de busca estão ex-prefeitos de Franca (SP), Cubatão (SP) e São Roque (SP), uma vereadora e a Câmara dos Vereadores em Guarujá (SP), e os gabinetes das prefeituras de Taquaritinga (SP), Jandira (SP) e Cubatão (SP).

O MPF indicou que as irregularidades sob investigação na segunda etapa da Cadeia Alimentar abrange contratos de 23 municípios paulistas: Americana, Barretos, Barueri, Cubatão, Franca, Guarujá, Guarulhos, Iperó, Itapetininga, Jandira, Jarinu, Limeira, Marília, Morro Agudo, Paulínia, Peruíbe, Pirassununga, Porangaba, Rio Claro, São Carlos, São Roque, São Vicente e Sorocaba.

Em nota, a PF informou que as medidas executadas nesta terça-feira visam coletar elementos que complementem informações obtidas em colaboração premiada firmada com a Polícia Federal e o MPF por dois investigados na primeira fase da operação, deflagrada em abril de 2018.

CADEIA ALIMENTAR

Segundo o MPF, o esquema foi capitaneado por um frigorífico em Brodowski (SP), com o auxílio de outras firmas do mesmo grupo. As licitações eram direcionadas para favorecer empresas em troca do pagamento de propina estimada em 10% do valor dos contratos.

As fraudes ainda consistiam em simulação de concorrência, ajuste prévio de preços e elaboração de editais com exigências para limitar a participação de outros interessados. Concluído o processo, o frigorífico fornecia os produtos superfaturados ou sequer os entregava, mesmo tendo recebido o pagamento.

De acordo com a PF, os suspeitos responderão pelos crimes de organização criminosa, fraude em licitações, falsidade ideológica, corrupção ativa, prevaricação e corrupção passiva. Somadas, as penas podem chegar a 28 anos de prisão.

O Delegado Regional de Combate ao Crime Organizado da PF em São Paulo, Marcelo Ivo, detalhou o perfil dos alvos da operação. “Havia o envolvimento de agentes políticos, secretários, prefeitos que atualmente não encontram-se em exercício, lobistas, funcionários públicos e empresas, e havia o pagamento de propina com o objetivo de direcionar a elaboração de editais de licitação com o objetivo de limitar concorrência e favorecer algumas empresas”, diz.

A operação desta terça deu continuidade à Operação Cadeia Alimentar, deflagrada em maio do ano passado, e contou com a colaboração premiada de dois investigados na primeira fase, conforme explica o coordenador da Operação, Delegado Bruno Rigotti. “Após análise do material da primeira fase da operação, junto com a colaboração premiada de dois investigados na primeira fase, chegamos agora na segunda fase, que pega principalmente servidores públicos de vários municípios do estado de São Paulo, mais de 50”, relata.

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *