
“A gente não pode aprovar um requerimento para dar parabéns a quem vem fazendo mal a esse país”, ressaltou a vereadora do PCdoB
Na última terça-feira (3), os vereadores de Recife, capital pernambucana, rejeitaram uma homenagem ao deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) no plenário da Câmara dos Vereadores. A proposta do vereador Thiago Medina (PL), concedia “voto de aplausos, na pessoa de Nikolas Ferreira, a todos os deputados federais que assinaram o requerimento de criação da CPI para apurar as fraudes de descontos indevidos de aposentados e pensionistas do INSS”.
A proposição foi rejeitada pela maioria em plenário. Foram 17 votos contrários, sete favoráveis e uma abstenção.
Para a vereadora Cida Pedrosa (PCdoB), a homenagem a Nikolas Ferreira seria uma “desonra” para a Câmara Municipal. Na tribuna do plenário, ela afirmou que o deputado é responsável por disseminar fake news, construir discursos de ódio e participar de uma ala de políticos “LGBTfóbicos, misóginos, machistas, racistas”.
“A gente está falando, aqui, de um discurso de honestidade que não existe. A gente está falando aqui de um modus operandi que está transformando a política no Brasil num lugar inóspito para mulheres e para todas e todos que são, realmente, pessoas de bem. Quem é que pode conviver com o ódio, com a calúnia, com a difamação, com a misoginia?”, questionou.
Em seu pronunciamento, Cida não poupou críticas ao deputado mineiro, conhecido por declarações polêmicas e discursos considerados ofensivos por diversos setores da sociedade.
“A gente não pode aprovar um requerimento para dar parabéns a quem vem fazendo mal a esse país, mal às mulheres, mal ao Congresso e mal à verdade. E criando um discurso de ódio que tem levado a política a lugares nunca imaginados”, afirmou a vereadora.
Veja o discurso na integra:
REJEIÇÃO EM SÃO JOÃO DEL REI
Dessa mesma forma, em São João Del Rei (MG) os vereadores rejeitaram dois projetos de resoluções que buscavam homenagear Nikolas Ferreira. Um concedia a Medalha Presidente Tancredo de Almeida Neves ao parlamentar, enquanto o outro, o título de cidadão honorário da cidade. As duas matérias são de autoria do vereador Rafael Lima (PL). As homenagens haviam sido aprovadas no primeiro turno, mas os parlamentares mudaram de ideia na segunda etapa da votação.
A primeira discussão ocorreu no dia 27 de maio. Os projetos foram aprovados com apenas dois votos contrários, das vereadoras Cassi Pinheiro (PT) e Sinara Campos (PV), de um total de 13 parlamentares.
A segunda fase da votação gerou embates entre os vereadores que mudaram de ideia e o autor das propostas, Rafael Lima. Na justificativa para os projetos, Lima cita a representatividade de Nikolas no cenário nacional, marcada pela “defesa de princípios conservadores, da liberdade de expressão e da valorização da família”, com foco em sua atuação nas redes sociais.
Porém, de uma forma geral, a pressão popular e a suposta baixa quantia de recursos enviados por Nikolas Ferreira a São João del-Rei motivou a troca de posição por parte dos parlamentares.
O vereador Edmar da Farmácia (PSDB), primeiro na sessão a manifestar sua mudança de voto, citou outros deputados que teriam direcionado emendas maiores ao município. Em sua avaliação, por Nikolas estar entre os cinco parlamentares mais votados em São João del-Rei, ele não teria “dado honra” aos votos que recebeu na cidade.
Após uma primeira rodada de discussões, a concessão da Medalha Presidente Tancredo de Almeida Neves a Nikolas Ferreira teve a negativa de sete vereadores, além de duas abstenções. Posteriormente, o segundo projeto, do título de cidadão honorário, foi rejeitado por oito parlamentares, além de registrar uma abstenção.
TRÁFICO
O primo do deputado Nikolas Ferreira foi preso durante uma operação da Polícia Federal no final de maio, na saída de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, por tráfico de drogas. Glaycon Raniere de Oliveira, que é parente do parlamentar, e outro homem seguiam para a também cidade mineira de Nova Serrana.
Ao todo, 30 quilos da droga estavam no porta-malas de um Toyota Etios. De acordo com a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), “em continuidade às investigações, foi representado judicialmente por mandado de busca e apreensão para um imóvel localizado na cidade de Pitangui, onde havia indícios de que mais drogas estariam armazenadas”.
Os mandados foram deferidos pela Justiça e, durante as buscas, foram apreendidos maconha, haxixe e crack. No local, uma mulher de 26 anos foi presa em flagrante por tráfico de drogas, informou a PM.