
Os caminhoneiros realizaram uma manifestação de mais de 12 horas nesta sexta-feira (11), em Feira de Santana (BA), em protesto contra o absurdo aumento dos combustíveis autorizado pelo governo na quinta-feira (10).
Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), até o início da tarde, pelo menos 400 caminhões estavam parados em 5 km da BR-116. Feira de Santana, cidade a 100 km de Salvador, é importante ponto de convergência de caminhoneiros que trafegam de Norte a Sul do país.
A categoria paralisou a Avenida Transnordestina, nas imediações do Anel Viário de Feira de Santana.
Na quinta-feira, a Petrobrás reajustou preços da gasolina, diesel e gás de cozinha e novos valores para refinarias que começaram a valer nesta sexta-feira. O aumento anunciado foi de 24,9% no diesel e de 18,8% no preço da gasolina.
Na Bahia, o abastecimento é feito pela Refinaria de Mataripe, antiga Landulpho Alves (Rlam), que é privatizada. Na refinaria, o combustível custa 6,4% a mais do que o vendido pela estatal.
A refinaria privatizada, que fica em São Francisco do Conde, na região metropolitana de Salvador, tem combustíveis com os preços mais caros do Brasil, em comparação com as refinarias da Petrobrás.
Em alguns postos de Salvador, no início do mês, o litro da gasolina já era vendido entre R$ 7,39 e R$ R$7,89. Já no interior do Estado, o valor do litro ultrapassava R$ 8.
Os manifestantes bloquearam os dois trechos da Transnordestina e o ato ocasionou um longo congestionamento na região, que dá acesso a outras rodovias no município.
Inicialmente os trabalhadores anunciaram que a paralisação não tinha prazo para encerrar. Mas líderes dos caminhoneiros denunciaram que os policiais usaram da violência para acabar o ato no início da noite. A versão da PRF é que a via foi liberada após negociações com os caminhoneiros, que negam.
Este foi o segundo protesto de caminhoneiros nesta semana. Na terça-feira (8), caminhoneiros e entregadores de delivery fizeram uma manifestação pela mesma pauta em Feira de Santana. O grupo bloqueou o Anel de Contorno, um dos locais com maior movimento de pessoas no município.
Os manifestantes interditaram a rodovia com pneus queimados e encerraram o ato uma hora depois.
ACELEN
A Acelen, atual operadora da Refinaria Mataripe, alegou que os preços dos produtos produzidos pela refinaria de Mataripe seguem “critérios” de “mercado” que levam em consideração variáveis como custo do petróleo, que é adquirido a preços internacionais, dólar e frete.
O presidente do Sindicombustíveis Bahia, Walter Tannus Freitas, criticou a empresa estrangeira. “A Acelen não vem praticando o congelamento do ICMS, determinado pelo Governo do Estado da Bahia, e o imposto representa hoje um custo de R$ 2,2442 por litro da gasolina C; de R$ 1,3462 no litro do biodiesel S10, e de R$ 1,3196 no litro do biodiesel S500”, disse Tannus.
Por causa da escorcha praticada pela Acelen, o Sindicombustíveis Bahia entrou na sexta-feira passada (4) com uma representação no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) por abuso de poder econômico contra a empresa. Na representação, o sindicato argumenta que os preços na Bahia são maiores do que os que a Acelen pratica para venda a outros Estados, como Alagoas, Maranhão e até mesmo Amazonas.
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