
Em parceria com a Caixa Econômica Federal, a Prefeitura do Recife implementou uma iniciativa pioneira no país, a Casa dos Catadores, uma estrutura montada para acolher as pessoas que trabalham com reciclagem na capital pernambucana durante o Carnaval.
“Eu tô aqui no bairro do Recife, na travessa do Amorim, onde tem uma novidade do nosso Carnaval, que é a Casa dos Catadores, uma parceria da Prefeitura com a Caixa Econômica, onde a gente tem 150 leitos para dar dignidade às pessoas que estão catando [lixo] e trabalhando com materiais recicláveis durante o Carnaval”, explica o prefeito João Campos (PSB) na cerimônia de lançamento do espaço.
O local conta com camas, banheiros, kits de higiene e refeições. Além de acolher os recicladores, através da medida a Prefeitura também estimula a economia, ao comprar dos trabalhadores o material recolhido, contribuindo, ainda, para o meio ambiente. “Além de um papel social tem um papel ambiental importante porque [é] a certeza que o material que chega aqui está sendo destinado da forma adequada para as empresas que vão fazer essa reciclagem”, continua o prefeito.
“Então tudo já vai para o destino adequado para garantir que 100% do que chega aqui vai ser reciclado. E tem uma compra garantida: a pessoa já recebe na hora. [Foram] 26 toneladas até ontem, sem contar com o que eu tenho para hoje [segundo dia do evento], só aqui já foram comprados mais de 120 mil reais de material reciclável, então são 120 mil reais que já chegaram às mãos de mais de 800 catadores”, ressalta.
A iniciativa foi elogiada pelo padre Julio Lancelotti, que trabalha em apoio à população em situação de rua da cidade de São Paulo e inspirou a lei que leva seu nome, que proíbe a arquitetura hostil em espaço público. “Vocês estão de parabéns. Recife é a primeira capital brasileira a fazer isso e tinha que ser uma cidade nordestina. Vamos divulgar isso para que sirva de exemplo para o país”, afirmou o religioso.
Em pregação na Capela de São Miguel Arcanjo, na zona Leste da capital paulista durante o Carnaval, o pároco criticou a especulação imobiliária na cidade de São Paulo, responsável pelo avanço da exclusão. “Nossa cidade é um canteiro de obras. Em todo lugar se estão construindo prédios. Quem vai morar nesses prédios? Aqueles que os constroem? Adailson você poder morar neles?” (perguntou a um presente). Não vão poder né?”, concluiu.
A Prefeitura do Recife foi a primeira administração municipal a promulgar a Lei nº 19.010, batizada de Lei Padre Júlio Lancellotti, que firmou a proibição de intervenções urbanas consideradas hostis no município de Recife. De acordo com essa lei, por intervenções hostis se entendem aquelas que possuem como finalidade o impedimento do uso de ruas, espaços públicos e demais equipamentos por pessoas em situação de rua ou segmentos como jovens e idosos, seja como forma de moradia ou espaço para circulação.
Ao comemorar a criação da Casa dos Catadores pelas suas redes sociais, Julio Lancelotti também relembrou que foi João Campos o primeiro prefeito a implementar a lei contra a arquitetura hostil. “Parabéns, prefeito @joaocampos primeira capital do Brasil a promulgar lei municipal contra arquitetura hostil”.
A iniciativa também foi elogiada por outras pessoas através da internet. “Vamos implementar em todas as grandes cidades da Bahia!”., defendeu um internauta. “Nosso futuro presidente”, destacou outro. “Ó que boa ideia pra se fazer, ao invés de lotear as áreas verdes da cidade”, observou mais um eleitor pelas redes.