
46 amotinados foram presos por deserção
Três quartéis na capital e dois no interior ainda estão ocupados no Ceará. Uma comissão foi criada para tentar superar com o impasse. A Comissão atuará na paralisação dos policiais militares. Entre os nomes que compõem a comissão estão o procurador-geral do Estado, Juvêncio Viana; o deputado Evandro Leitão (PDT); o corregedor-geral, desembargador Teodoro Silva Santos; e o procurador-geral de Justiça, Manuel Pinheiro.
CORONEL DO EXÉRCITO ASSUME NEGOCIAÇÃO
O coronel do Exército, Walmir Medeiros, atualmente advogado, foi escolhido como um dos interlocutores que falará em nome dos amotinados. A OAB-CE trabalhou para que não fosse indicado um nome saído dos amotinados. O coronel Walmir Medeiros está representando também a OAB. Uma reunião ocorreu na sede do Ministério Público do Estado (MP-CE) na manhã de quarta-feira, 26.
O coronel Walmir, que já teve participação nas negociações de 2012, disse que fará todo o esforço para resolver a crise o mais rapidamente possível. Já são 46 os presos por deserção entre os amotinados.
Os amotinados acabaram refugiando-se nos quartéis que ainda estão ocupados e não estão mais nas ruas aterrorizando a população como fizeram no início do motim. O presidente da OAB, Erinaldo Dantas afirmou que a primeira rodada de negociação não vai ser diretamente com o governador Camilo Santana e que, embora não haja data específica para o encontro, ele espera que seja o mais rápido possível. “Representando o Executivo, vamos nos reunir com Juvêncio Vasconcelos Viana, que é o procurador-geral do Estado”, disse.
CIRO GOMES
O ex-governador Ciro Gomes avaliou que o movimento está perdendo força e disse que poucos governos no Brasil fizeram tanto pelos policias do que o governo doe Ceará. “Eles perderam e agora estão confinados. Praticamente todos saíram das ruas, não estão mais fazendo aquelas coisas de terrorismo nas ruas, confrontando a Polícia Civil, que não parou, a Pefoce, que não parou, os bombeiros, que não pararam. Estão recolhidos dentro dos quartéis, em alguns poucos quartéis, se radicalizando”, disse, em transmissão ao vivo nas redes sociais.
O ex-governador e ex-ministro também atacou grupo de policiais que ocupou quartel da PM em Sobral e entrou em confronto com seu irmão, o senador Cid Gomes (PDT). “Cid avançou para derrubar o portão para sufocar aquele motim de fascistas, nazistas covardes, armados, frouxos”, disse ele. O senador Cid Gomes levou dois tiros no peito desferidos pelos amotinados e passou cinco dias internado. Ele recebeu alta com duas balas alojadas no pulmão.
Ciro comentou a atual estado da crise de segurança no Ceará, em transmissão de sua live desta quarta-feira (26). Na transmissão, o ex-ministro destacou importância de que o Estado não “passe a mão na cabeça” de amotinados e mantenha firmeza na condução do caso. “Aviso a todos vocês, se não resolvermos essa parada, vocês vão assistir em 12 estados, só para começar, a mesma baderna”, afirmou Ciro.
“Não sou contra reivindicação de melhoria salarial, jamais serei. Mas é razoável que um estado pobre como o Ceará seja obrigado a pagar mais de R$ 4,5 mil para um jovem de 20 anos começando carreira, enquanto São Paulo paga R$ 3 mil? É razoável que ele infernize o estado e promova 170 homicídios?”, disse. Ciro desafiou ainda internautas a “encontrar algum governador que tenha feito mais pela Polícia Militar” que Cid Gomes (PDT) e Camilo Santana (PT). “Não podemos deixar que a instituição Polícia Militar seja transformada em partido político”, diz.
SEM ANISTIA
A proposta apresentada pelo governador Camilo Santana (PT), havia sido negociada e aceita por dirigentes de associações de militares e parlamentares ligados à categoria. O soldo de um soldado, hoje de R$3,2 mil, passaria a ser R$ 4,5 mil até o final de 2022. Com a radicalização, insuflada por segmentos bolsonaristas da PM do Ceará, a população cearense foi aterrorizada por elementos encapuzados e armados que tomaram viaturas e quartéis e ameaçaram os oradores e comerciantes. O governo está decidido que não haverá anistia para os que cometeram crimes durante o motim.