O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, disse que a ameaça feita por Jair Bolsonaro contra um jornalista revela um “perigoso desapreço e claro desrespeito pela liberdade de informação e de imprensa”.
Para Celso de Mello, a liberdade de imprensa é “um dos mais luminosos signos que caracterizam e inspiram qualquer sociedade civilizada e democrática”.
No domingo (23), Jair Bolsonaro ameaçou o repórter do jornal O Globo: “minha vontade é encher tua boca com uma porrada, tá, seu safado”.
O jornalista tinha perguntado por que sua esposa, Michelle Bolsonaro, tinha recebido R$ 89 mil de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro que centralizava o esquema de “rachadinha” no gabinete, e esposa.
Na segunda-feira (24), Jair Bolsonaro participou de um evento chamado “Vencendo a Covid-19”, durante o qual não fez nenhuma homenagem às vítimas da doença, e voltou a atacar a imprensa. “Quando pega num bundão de vocês, a chance de sobreviver é bem menor”, disse durante o discurso.
Celso de Mello, o decano do STF, disse que “declarações como essas constrangem-me e entristecem-me como brasileiro e cidadão livre desta República”.
“O direito ao livre exercício da imprensa é uma condição básica e essencial para o gozo e preservação das liberdades fundamentais em uma sociedade democrática. Uma sociedade desprovida de uma imprensa livre é uma sociedade prisioneira da onipotência do poder e do arbítrio dos governantes”, continuou.
“A grosseria de qualquer Presidente da República, qualquer que seja a vítima de seu gesto incivil, além de constituir censurável falta de compostura, imprópria e indigna de quem exerce tão elevado cargo na hierarquia da República”, concluiu o ministro, que está afastado, de licença médica.
Outro ministro do STF, Gilmar Mendes, também defendeu a liberdade de imprensa. “A liberdade de imprensa é uma das bases da democracia. É inadmissível censurar jornalistas pelo mero descontentamento com o conteúdo veiculado”.