Em todo o mundo já foram registrados 66 acidentes com aeronaves ATR que totalizaram 532 mortes
A causa do acidente envolvendo o avião da Voepass em Vinhedo (SP), ocorrido na última sexta-feira, 9 de agosto de 2024, ainda não foi determinada. No entanto, há suspeitas de que o problema tenha sido causado pelo congelamento de componentes do turboélice ATR-72. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) está atualmente reunindo informações dos registradores de voo para esclarecer o ocorrido.
O órgão, que pertence à Força Aérea Brasileira (FAB), passou o fim de semana realizando a chamada “Ação Inicial”, em que são recolhidas as primeiras informações que podem explicar a causa da queda.
Embora o ATR-72 esteja equipado com cinco dispositivos projetados para prevenir o congelamento, esse modelo ainda pode ser suscetível à formação de gelo. De acordo com o jornal O Globo, aproximadamente 33 incidentes de segurança envolvendo este modelo de aeronave foram relatados, com 11 desses casos resultando em fatalidades.
O pior acidente do modelo foi em janeiro de 2023, em Pokhara (Nepal). Na ocasião, a queda de um ATR 72-500 – mesmo modelo do avião da Voepass que caiu em Vinhedo– causou 72 mortes. O voo era operado pela Yeti Airlines.
Investigadores recuperaram a caixa-preta do avião, que contém gravações de voz e dados de voo, e um relatório preliminar deve ser apresentado em 30 dias, informou o chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) neste domingo (11).
O avião estava a caminho de São Paulo vindo de Cascavel, no Estado do Paraná, e caiu por volta das 13h30 (horário de Brasília) em Vinhedo, a cerca de 80 km de São Paulo.
A aeronave estava voando normalmente até às 13h21, quando parou de responder às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo, e o contato com o radar foi perdido às 13h22, informou a Força Aérea Brasileira (FAB) em um comunicado. O avião não relatou nenhuma emergência.
Vídeos do acidente mostram que o céu estava aparentemente limpo quando o avião começou a girar em um movimento circular incomum.
Dados fornecidos pela ONG Fundação de Segurança de Voo indicam que a formação de gelo em aeronaves pode comprometer tanto o peso quanto a aerodinâmica do avião. Até o momento, o Cenipa não confirmou se o congelamento foi a causa da queda em Vinhedo. No entanto, o fenômeno conhecido como “rebanhoque”, que ocorre quando os sensores de pressão e a velocidade relativa do ar congelam, está sendo investigado como uma das possíveis causas do acidente no interior paulista.
O Cenipa tem um prazo estimado de cerca de 30 dias para emitir um relatório preliminar sobre as possíveis causas do acidente.
As três principais suspeitas são:
Falha Mecânica: Há indícios de que uma falha técnica no sistema do avião pode ter contribuído para o acidente. Investigadores estão examinando o estado dos motores e dos sistemas de controle da aeronave.
Erro Humano: A possibilidade de erro humano está sendo considerada, incluindo erros na operação do avião pelos pilotos ou falhas na comunicação com o controle de tráfego aéreo.
Condições Meteorológicas: As condições climáticas da região na hora do acidente também são um ponto de investigação, embora as informações detalhadas sobre o tempo ainda estejam sendo analisadas.
A operação deste modelo começou em 1988, embora o avião que caiu na sexta-feira tenha sido fabricado em 2010. Desde o voo inaugural, foram registradas 403 ocorrências envolvendo o avião, dentre elas 66 acidentes, com 532 mortes. Somente no Brasil, foram 33 ocorrências – nenhuma com registro de mortes, até a última 6ª feira. As informações podem ser acessadas no banco de dados da Aviation Safety Network, da FSF (Flight Safety Foundation).
Um exemplo de acidente semelhante ocorreu em 2012, na Rússia, onde um ATR-72 caiu devido a uma inclinação excessiva relacionada a um estol, que comprometeu a trajetória da aeronave.