Ricardo Cappelli, ex-interventor na Segurança do Distrito Federal, assumiu o GSI de forma interina
O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Marco Edson Gonçalves Dias, pediu demissão do cargo após a divulgação de imagens dele e outros agentes conversando, orientando e distribuindo água para terroristas que invadiram o Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro. Lula já aceitou o pedido.
Ricardo Cappelli, homem de confiança do ministro da Justiça, Flávio Dino, e ex-interventor na Segurança do DF, assumiu o GSI de forma interina.
As filmagens mostram Gonçalves Dias e seus subordinados sendo complacentes com os criminosos, ao invés de agir para impedir a invasão e a depredação da sede do Poder Executivo.
As gravações, divulgadas pela CNN nesta quarta-feira (19), revelam que Gonçalves Dias estava dentro do Palácio do Planalto durante a invasão e esteve frente a frente com parte dos terroristas.
Gonçalves Dias foi gravado, às 16h29 do dia 8 de janeiro, caminhando na antessala do gabinete presidencial e verificando se portas estavam abertas.
Dois minutos depois, o militar aparece acompanhado de um grupo de invasores e lhes dá a orientação de como chegar às escadas.
Segundo o GSI, Gonçalves Dias estava tentando evacuar os terceiro e quarto andares do Palácio, “concentrando os manifestantes no segundo andar”, onde viriam a ser presos pela Polícia Militar.
As informações que já tinham sido divulgadas sobre a invasão apontam que a Polícia Militar só conseguiu entrar no Palácio por volta das 17h30, ou seja, uma hora depois de Gonçalves Dias ter orientado os invasores a saírem do terceiro andar.
Já depois do encontro entre Dias e os invasores, as câmeras flagraram os bolsonaristas quebrando coisas e circulando pelo Palácio.
Uma gravação feita às 16h50, cerca de vinte minutos depois do encontro de Gonçalves Dias com os invasores, registra um outro militar dando água para um grupo de invasores.
O mesmo aconteceu às 15h58, quando um capitão do Exército e então agente do GSI, que teve seu rosto coberto pela reportagem da CNN e sua identidade preservada, abre uma porta próxima ao gabinete presidencial e entrega copos d’água para os terroristas.
Esse agente também deixou um bolsonarista pegar um extintor de incêndio, objeto que foi utilizado para quebrar portas e vidros do Palácio do Planalto. A demissão do capitão do Exército aconteceu, segundo fontes do GSI, ainda em janeiro.
O Gabinete de Segurança Institucional informou, na mesma nota, que vai apurar se agentes colaboraram com os invasores.
“Quanto às afirmações de que agentes do GSI teriam colaborado com os invasores do Palácio do Planalto, informa-se que as condutas de agentes públicos do GSI envolvidos estão sendo apuradas em sede de sindicância investigativa instaurada no âmbito deste Ministério e se condutas irregulares forem comprovadas, os respectivos autores serão responsabilizados”.
Um servidor do GSI, ouvido pelo site Metrópoles, disse que o órgão queria que os invasores pudessem sair do Palácio do Planalto pela porta da frente e sem serem presos.
Em entrevista ao Globonews, Gonçalves Dias se defendeu e alegou que “fizeram um corte específico na produção dos vídeos que vocês olharam. Aquilo é um absurdo para a minha imagem”.
No lugar de Gonçalves Dias, o governo Lula indicou Ricardo Cappelli, que foi o interventor na Segurança Pública do Distrito Federal.
A intervenção aconteceu quando foi constatado que a Secretaria de Segurança Pública estava totalmente inerte diante do ataque bolsonarista contra as sedes dos três Poderes.
“Será nomeado interinamente o senhor Ricardo Capelli. O presidente considerou importante que esse espaço fosse ocupado imediatamente. O Capelli fez um trabalho muito importante na intervenção na segurança pública do DF”, informou o ministro da Comunicação Social, Paulo Pimenta.
O secretário-executivo do GSI, Ricardo José Nigri, também foi demitido na quarta-feira (19).
Essa informação não se confirma. O G. Dias chegou no local no final da tarde e levava os fascistas para o andar onde seriam presos.
O vídeo foi uma montagem da CNN orquestrada juntamente com o pessoal antigo do GSI. Verificar entrevista do G. Dias e divulgação da análise do vídeo feita pelo professor Francisco Teixeira da UFRJ.
Hilvânia, realmente, as imagens foram editadas pela CNN. Tanto assim que só as imagens dos bolsonaristas (inclusive dos funcionários do GSI bolsonaristas) é que aparecem borradas. O general Gonçalves Dias, no entanto, era ministro-chefe do GSI, portanto, não poderia ter uma atitude passiva diante daquele atentado ao patrimônio público e às instituições. Na sua posição hierárquica, passividade se confunde com “receptividade”. Mesmo com imagens editadas, é isso o que elas mostram. Aliás, o governo também achou isso – já que o general foi obrigado a se demitir. Lembre que, apesar de chefe do GSI, ele permitiu o colaboracionismo de seus funcionários com os terroristas. Pelo menos, não se vê nenhuma cena em que ele repreenda um desses seus subordinados – e não é exato que ele “levava os fascistas para o andar onde seriam presos”. Isto não está provado.