Em um comunicado postado em sua conta oficial no Twitter nesta quinta-feira (4) à tarde, a equipe de defesa de Chelsea Manning anunciou que “após 28 dias” em confinamento em solitária, na chamada ‘segregação administrativa’, a denunciante foi finalmente transferida para a área comum do Centro de Detenção de Truesdale.”
“Embora esta seja uma grande vitória, ainda há uma estrada pela frente para tirá-la da prisão”, disse a conta. Juristas, entidades de defesa das liberdades civis e defensores de direitos humanos saudaram o fim do confinamento em solitária que, depois de 15 dias, é considerado pela ONU como tortura.
Chelsea vinha sendo mantida em regime de confinamento 22 horas por dia, só podendo sair entre 1 h e 3 h da madrugada, e sem qualquer contato com qualquer outro detento.
Dois dias antes, a deputada democrata Alexandria Ocasio-Cortez denunciara os maus-tratos e exigira sua libertação.
Chelsea foi mandada para a prisão no dia 8 de março por “desacato”, após se recusar a depor diante do júri secreto contra o fundador do WikiLeaks, Julian Assange.
Como ela salientou, já depusera extensa e detalhadamente perante uma corte marcial sobre a questão dos arquivos dos crimes de guerra no Iraque e Afeganistão, que vazou através do WikiLeaks e dos maiores jornais do mundo, assumindo toda a responsabilidade por considerar que os cidadãos norte-americanos, e os povos do mundo, tinham o direito de saber a verdade.
Chelsea invocou seu direito constitucional a silenciar diante do júri secreto, orientada por seus advogados que consideraram que o objetivo , era encurrala-la numa “armadilha de perjúrio”, e por terminantemente se negar a ser instrumento do governo dos EUA para a perseguição, extradição e condenação de Assange supostamente por “espionagem” por divulgar documentos mostrando crimes de guerra.
Ex-chefe da CIA e atual secretário de Estado, Mike Pompeo já classificou o WikiLeaks de “agência de espionagem não-estatal”. Quando era secretária de Estado, Hillary Clinton chegou a sugerir silenciá-lo com ataque com drone. O atual presidente equatoriano, Moreno, transformou o asilo de Assange em prisão, com o embaixador em Londres como carcereiro, para atender Washington.
Moreno ameaça expulsar Assange a qualquer momento, para que a polícia de May encaminhe a prisão e extradição aos EUA, aos quais apenas pediu a ressalva de que o editor não receba pena capital.
Na véspera da prisão, Chelsea dissera em um comunicado que seu depoimento era irrelevante para o caso e que a única razão para seu envolvimento no júri secreto foi provavelmente prendê-la ao fazer declarações inconsistentes.
“Não tenho nada para contribuir com este caso, e eu me sinto sendo forçada a me colocar em perigo ao participar dessa prática predatória”, disse Manning em seu comunicado em 7 de março.