
O juiz Manish Shaw determinou na quinta-feira (28) em Chicago a imediata devolução do menino brasileiro, Diogo, de nove anos, à sua mãe, Lídia Karina Souza, de quem havia sido separado na fronteira no dia 29 de maio, após esta ser detida, sob a política xenófoba do governo Trump contra os imigrantes, pomposamente chamada de “tolerância zero”. Diogo é uma das 51 crianças brasileiras separadas dos pais, na compilação do consulado do Brasil em Houston.
Lídia, de 27 anos, entrou nos EUA em busca de asilo, mas acabou considerada imigrante ilegal e detida, junto com Diogo. Por quase um mês, os dois estiveram apartados por 1.500 km e nas três primeiras semanas apenas contato telefônico, de dez minutos, duas vezes por semana. A mãe sequer sabia o endereço, ou condições, do abrigo para onde Diogo foi levado.
Segundo a France Presse, a advogada representando o Departamento de Justiça, Sarah Fabian, ainda tentou prolongar a detenção de Diogo no abrigo, afirmando ao juiz que precisaria de “mais dois ou três dias” para apresentar argumentos adicionais sobre o caso e que tinha “um voo para pegar dentro de poucas horas”.
Foi preciso a advogada de Lídia intervir para contestar o pretexto kafkiano. “Aprecio que o governo tenha voos. Mas tenho uma criança de nove anos sob custódia, sem permissão para ver a mãe. Cada hora que passa é difícil para ela e seu filho”, protestou. Anteriormente, conforme o advogado Jeff Goldman, as autoridades responsáveis pela custódia estavam alegando que iriam precisar de mais 22 dias para “checar antecedentes”.
Lídia, que pela primeira vez em quase um mês vira por alguns minutos o filho nas vésperas da audiência, a quem entregou brinquedos, roupas e guloseimas, está morando com amigos de familiares em Massachusetts desde que foi liberada no dia 9. Na próxima semana, os advogados vão dar entrada no pedido de asilo de Lídia, que terá permissão para permanecer nos EUA com o filho enquanto o caso estiver em tramitação.
De acordo com os números das autoridades norte-americanas, há 2.047 crianças estrangeiras tiradas dos pais e confinadas em abrigos distantes – algumas, filhos de pais que já foram deportados. Tamanho foi o repúdio no mundo inteiro e dentro dos EUA, provocado pela separação forçada de crianças das famílias de imigrantes capturadas na fronteira, que o governo Trump se viu forçado a recuar e anunciar que não irá mais separar as famílias, que passarão a ser mantidas cativas, mas juntas. Também foi anunciada a criação de campos de detenção dentro de bases militares. As medidas extremadas do governo Trump contra imigrantes e refugiados foram condenadas pela ONU e pelas entidades de direitos humanos.