
“A chancelaria chilena anunciou que vai reiterar o pedido de extradição do ex-oficial Pedro Pablo Barrientos Núñez, foragido nos Estados Unidos desde 1989, acusado de ser o autor material do assassinato do renomado cantor e compositor Víctor Jara, durante o golpe de setembro de 1973.
O pedido foi feito oficialmente em 2014, porém a solicitação permanece até agora sem resposta. “É uma causa de violação dos direitos humanos e, por isso, era essencial reativar o caso que já estava há um bom tempo pendente”, declarou o chanceler Roberto Ampuero.
Mesmo nos EUA, uma corte federal declarou Barrientos como o responsável pelo assassinato de Victor Jara e determinou, em junho de 2016, o pagamento de 28 milhões de dólares em compensação à sua família.
Destacado membro do Partido Comunista, cantautor, diretor de teatro e professor universitário, Jara foi detido junto a colegas e alunos na Universidade Técnica do Estado no dia posterior ao golpe que derrubou o governo socialista de Salvador Allende. Com decisivo apoio do governo dos Estados Unidos, a intervenção militar instalou – à custa de mais de 30 mil mortos e desaparecidos – a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
Aprisionado junto a outras 5 mil pessoas no Estádio Nacional do Chile – que hoje leva seu nome – Victor Jara foi reconhecido por militares e submetido durante vários dias às mais brutais sessões de tortura, tendo suas mãos quebradas e o corpo queimado por cigarros.
A reativação do pedido de extradição de Barrientos dá continuidade à decisão emitida na última terça-feira pela Justiça chilena, que condenou o ex-oficial e a outros nove militares pelo crime.
“Sem dúvida esta decisão é uma derrota importante para os que queiram negar a história e um duro golpe à impunidade. Porém também é certo que uma condenação que chega depois de 45 anos dificilmente pode ser considerada justa”, afirmaram a viúva do cantautor, Joan Jara, e suas filhas Manuela e Amanda, em declaração pública.
Autor de fenômenos musicais como “Te recuerdo Amanda” e “Plegaria a um labrador”, Víctor Jara é um símbolo da Canção Chilena, movimento músico-social que mobilizou o país e se irradiou pela América Latina nos anos 1960 até o começo da década de 70, integrado por artistas como Violeta e Isabel Parra e grupos como Inti-Illimani.