Os comerciários chilenos decidiram nesta quarta-feira (10) se somar à mobilização dos professores – que entraram em sua sexta semana de greve nacional – e paralisar as atividades contra a política de arrocho salarial e assalto aos direitos sociais e trabalhistas capitaneada pelo presidente Sebastián Piñera.
Sem chegar a um acordo com a transnacional Walmart, os 17 mil comerciários filiados ao Sindicato Interempresas Líder (SIL) – o maior da categoria – aprovaram cruzar os braços para exigir salários e barrar qualquer retrocesso. Aprovada por 91% dos trabalhadores, a resolução deixará sem funcionar por tempo indeterminado uma centena de supermercados Líder, pertencentes à cadeia estadunidense no país andino. Conforme o Sindicato, a medida é uma resposta à direção do Walmart, que está ameaçando com a adoção de um processo de automatização que deixará sem trabalho a três mil empregados, ao mesmo tempo em que se nega a adotar um plano de cargos e salários.
No final da mesma quarta, os 50 mil professores começam a decidir se aprovam ou não a proposta da ministra da Educação, Marcela Cubillos, que inclui um pagamento trimestral aos profissionais do ensino especial e estabelecer uma mesa que dê solução à dívida histórica que os sucessivos presidentes mantêm desde a ditadura de Pinochet. Na avaliação do líder do Sindicato, Mario Aguilar, a paralisação expôs o nível de irresponsabilidade do governo Piñera que já deixa os estudantes há quase um mês e meio sem aulas.
Para a presidenta da Central Unitária de Trabalhadores (CUT), Bárbara Figueroa, o fato é que o governo de Piñera tem contribuído para um estado de “tensão permanente” que facilita a vida dos maus gestores e empregadores durante os processos de negociação coletiva. “Desta forma, a partir da chantagem, querem mais precariedade. Querem que, com o medo de não perder o emprego, o trabalhador aceite qualquer condição e isso nós não vamos aceitar”, sublinhou.