
Plano tem como objetivo estimular a demanda em todas as áreas, visa elevar o poder de compra, aumentando ganhos salariais e reduzindo encargos financeiros
A China divulgou um plano com iniciativas especiais para impulsionar o consumo, destacando a demanda doméstica como principal motor e âncora do seu crescimento econômico.
O governo chinês percebe a necessidade deste direcionamento, reunindo dois fatores, o primeiro é o de planejar o desenvolvimento de forma autocentrada e com percepção na realidade macroeconômica, já que o hegemonismo de Washington aponta para um retrocesso nas relações internacionais de comércio como motor de desenvolvimento nesta fase de declínio do unilateralismo neoliberal.
O plano, emitido neste domingo (16) pelo Gabinete Geral do Comitê Central do Partido Comunista da China e pelo Gabinete Geral do Conselho de Estado, que tem como objetivo estimular a demanda em todas as áreas, entre outras medidas, visa elevar o poder de compra, aumentando os ganhos e reduzindo os encargos financeiros.
As medidas também buscam garantir o crescimento de 5% projetado para o PIB para este ano.
Pelo lado da produção, o plano estimula a demanda ao planejar uma oferta de alta qualidade e abordar as principais restrições ao consumo, ou seja, melhorar o ambiente para fortalecer a disposição do consumidor para gastar afirmou o primeiro ministro, Li Qiang.
Organizado em oito seções principais, o plano vai promover um crescimento razoável dos salários incluindo o reajuste do Salário Mínimo, e fortaler o apoio ao emprego.
A China expandirá os canais de renda mobiliária por meio de medidas para estabilizar o mercado de ações e desenvolver mais produtos de títulos adequados para investidores individuais.
O plano também prevê maneiras de diminuir os valores das casas legalmente pertencentes aos agricultores por meio de acordos de aluguel, participação acionária e modelos cooperativos.
PLANO ENFATIZA SETORES TRADICIONAIS E CATEGORIAS EMERGENTES
Notavelmente, o plano enfatiza tanto os setores de consumo tradicionais, como habitação e automóveis, quanto as categorias emergentes, como produtos movidos a inteligência artificial, e turismo.
Pequim também vai acelerar o desenvolvimento e a aplicação de novas tecnologias e produtos, incluindo (dispositivos eletrônicos que se usam no corpo e que têm sensores para monitorar atividades e recolher dados), robótica, entre outras aplicações de IA.
Essas medidas apontam uma abordagem cada vez mais conectada com diferenciações geográficas, a exemplo de políticas direcionadas para áreas rurais, regiões ricas em recursos de gelo e neve e centros urbanos, permitindo às autoridades locais a flexibilidade na implementação com base nas condições regionais.
MEDIDAS INCLUEM MAIS APOIO A IDOSOS E CRIANÇAS
Ao conectar os gastos dos consumidores a metas sociais mais amplas, como a melhoria dos cuidados com os idosos, o apoio aos cuidados com as crianças e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, o plano incorpora o crescimento do consumo aos objetivos de desenvolvimento mais amplos da China, sinalizando que o consumo está sendo posicionado não apenas como uma meta econômica, mas como um meio de melhorar a qualidade de vida.
A economia da China manteve um forte impulso de crescimento nos primeiros dois meses de 2025, com a produção industrial, o investimento em ativos fixos e as vendas no varejo crescendo em um ritmo mais rápido do que no ano anterior, mostraram dados oficiais divulgados na segunda-feira.
“Os dados macroeconômicos dos dois primeiros meses mostram amplos sinais de que a economia da China é resiliente e estável. Juntamente com as políticas pró-crescimento do governo para impulsionar a demanda doméstica, a economia está bem posicionada para atingir a meta de crescimento do PIB deste ano”, afirmou Chen Fengying, pesquisador do Instituto de Relações Internacionais Contemporâneas da China, sediado em Pequim, ao Global Times na segunda-feira.
Em janeiro e fevereiro, a produção de valor agregado das principais empresas industriais cresceu 5,9% ano a ano, 0,1 ponto percentual a mais do que a taxa de crescimento do ano inteiro em 2024, disse o Serviço Nacional de Estatísticas (NBS, sigla em inglês).
NOVO IMPULSO AO DESENVOLVIMENTO
Durante os primeiros dois meses deste ano, as vendas no varejo nacional atingiram 8,37 trilhões de yuans (US$ 1,16 trilhão), um aumento de 4,0% ano a ano, 0,5% a mais do que no ano anterior. Durante o período, as vendas no varejo online do país atingiram 2,28 trilhões de yuans, um aumento de 7,3% ano a ano.
O investimento em ativos fixos nos primeiros dois meses atingiu 5,26 trilhões de yuans, aumentando 4,1% em relação ao ano anterior, ou 0,9 ponto percentual acima da taxa de crescimento anual em 2024, de acordo com o NBS.
“Uma combinação de políticas existentes e novas continuou a produzir resultados, levando a um rápido crescimento nos setores industrial e de serviços, um aumento acentuado no consumo e investimento, emprego estável, bem como novas forças produtivas de qualidade prósperas. A economia nacional teve um início estável com um novo e positivo impulso de desenvolvimento”, informou Fu Linghui, porta-voz do NBS, em uma entrevista coletiva na segunda-feira.