Sob aplausos e vivas de multidões que fotografaram o êxito da iniciativa, a China lançou no último domingo (24) com “sucesso total” o segundo dos três módulos da estação espacial que está construindo.
Sem nenhum astronauta a bordo e com 23 toneladas, o módulo Wentian foi impulsionado pelo foguete Longa Marcha 5B às 14h22 (3h22 no horário de Brasília) do centro de lançamento de Wenchang, na ilha tropical de Hainan, no sul do país asiático.
Após oito minutos de voo, “o Wentian se separou com sucesso do foguete para se colocar na órbita planejada”, comemorou a agência espacial encarregada de voos tripulados, a CMSA.
Com cerca de 18 metros de comprimento e 4,2 metros de diâmetro, este módulo laboratorial será acoplado ao Tianhe, o primeiro módulo da estação que já está em órbita desde abril de 2021.
A operação exige várias manobras de alta precisão, algumas delas por meio de um braço robótico. “É a primeira vez que a China tem que acoplar veículos tão grandes. É uma operação delicada”, relatou à AFP Jonathan McDowell, astrônomo do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, nos Estados Unidos.
Conforme esclareceram os chineses, o novo módulo conta com três espaços para dormir, banheiros e cozinha, além de lugares para experiências científicas. Wentian também servirá como plataforma para o controle da estação espacial em caso de eventuais problemas técnicos.
Batizada de Tiangong (“Palácio Celestial”), mas também conhecida pela sigla CSS (Chinese Space Station), a estação espacial deve estar plenamente operacional até o final do ano.
Já a partir de outubro, os três astronautas da missão Shenzhou-14, atualmente na estação espacial, receberão outro módulo de laboratório, o Mengtian, passando a ter o formato de “T”, semelhante à antiga estação espacial soviético-russa Mir.
RITMO MAIS RÁPIDO DA HISTÓRIA
“O CSS será concluído em apenas um ano e meio, o ritmo mais rápido da história para uma estação espacial modular”, informou Chen Lan, analista do portal Go Taikonauts.com, especializado no programa espacial chinês.
Quando a Tiangong estiver concluída, a China poderá realizar uma troca de tripulação em órbita. Ela deve ocorrer em dezembro, quando os astronautas da missão Shenzhou-15, substituírem o da Shenzon-14, atualmente na estação espacial.
Conforme explicaram os cientistas, a China foi forçada a construir sua própria estação – e investir bilhões de dólares em seu próprio programa – após a recusa dos Estados Unidos em trabalhar em parceria.
A China enviou seu primeiro astronauta ao espaço em 2003; colocou um aparelho na face oculta da Lua em 2019, evento inédito em todo o mundo; coletou amostras do satélite da Terra em 2020 e, no ano seguinte, enviou um pequeno robô a Marte. Para 2030, a China também planeja enviar humanos à Lua.