O príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman ordenou pessoalmente a morte do jornalista Jamal Khashoggi na Turquia no mês passado, afirma o jornal norte-americano Washington Post, registrando que a conclusão é da CIA, com citação de fontes anônimas.
A agência de espionagem dos EUA avaliou com “alta confiança” que o príncipe esteve por trás da morte do colunista do Post, informou o jornal nesta sexta-feira (16) à noite com base em informações de “pessoas familiarizadas com o assunto”.
A Arábia Saudita acabara de anunciar na quinta-feira que vai aplicar a pena de morte a cinco suspeitos acusados de “ordenar e executar” o assassinato do escritor e jornalista saudita Jamal Khashoggi, no mais recente esforço para distanciar do monstruoso assassinato, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, o governante de fato do país.
O promotor público afirmou que agentes sauditas, incluindo o chefe de perícia do serviço nacional de inteligência e membros do corpo de segurança do príncipe Mohammed, tinham ordens de raptar Khashoggi, mas decidiram matá-lo quando ele resistiu. A alegação foi contraditada por uma declaração saudita anterior de que o assassinato fora premeditado.
No mesmo dia, o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlüt Çavuşoğlu, descreveu a declaração saudita como insuficiente e insistiu que o assassinato foi premeditado. “O equipamento necessário e as pessoas foram previamente trazidas para matar e depois desmembrá-lo”, ressaltou Mevlüt,
Horas depois, o Tesouro dos EUA disse que estava impondo sanções contra 17 supostos conspiradores, em um anúncio que pareceu oportuno para apoiar a versão saudita dos eventos. A administração Trump tentou proteger o príncipe Mohammed da culpa e patrocinou a teoria de que “atores desonestos” realizaram a conspiração sem o seu conhecimento.
A recente declaração da CIA, divulgada pelo Washington Post, contraria as medidas da Casa Branca para acobertar Salman. Agora é aguardar as próximas tuitadas de Washington para alguma indicação do que vai acontecer. Ou não.
S. SILVA