Representantes da Arábia Saudita e de Omã estão em Sanaa, capital do Iêmen, e se reuniram com o presidente do país e líder do governo revolucionário, Mahdi al-Mashat, para negociar um cessar-fogo e dar fim à guerra, que aflige o Iêmen desde 2014.
As negociações de paz se tornaram possíveis desde os acordos entre o Irã e a Arábia Saudita sob mediação do governo da China.
Omã está agindo como intermediador das conversas entre a Arábia Saudita, que apoia e age ao lado do antigo governo, deposto por um massivo levante popular, e o governo que controla a capital e o norte do país. A primeira reunião aconteceu no domingo (9).
Já estão sendo discutidas as condições para um cessar-fogo, o cronograma para a retirada das tropas da Arábia Saudita do Iêmen e a suspensão do bloqueio imposto pelos sauditas ao portos iemenita controlado pelo governo de Sanaa.
Um representante do governo revolucionário do Iêmen afirmou que o cessar-fogo será realizado com o fim das agressões da Arábia Saudita contra o país que exige o fim completo das sanções.
As medidas concretas para o fim do conflito armado que aflige o Iêmen desde 2014 deverão ser anunciadas em duas partes. A primeira, antes do dia 20 de abril, quando iniciam as festividades do Eid al-Fitr, que marcam o fim do jejum do Ramadã. O restante deverá ser anunciado após o dia 21, quando se encerra essa data de celebração.
A visita do grupo diplomático da Arábia Saudita à capital do Iêmen para uma reunião com o presidente do país, Mahdi al-Mashat, demonstra que as negociações de paz já atingiram uma nova etapa, vista com otimismo por ambos os lados.
No começo do mês, os revolucionários e a Arábia Saudita realizaram trocas de prisioneiros. Outras trocas já estão sendo negociadas.
A guerra no Iêmen, travada entre os revolucionários e o antigo governo, que age em nome e ao lado da Arábia Saudita, já foi considerada pela Organização das Nações Unidas (ONU) uma das maiores catástrofes humanitárias do planeta.
A ONU calcula que mais de 370 mil pessoas já morreram, direta ou indiretamente, por conta do conflito.
Reportagens mostraram ao longo destes anos como os iemenitas pereceram em meio a bombardeios de escolas, casamentos, funerais e aldeias, por forças sauditas.
A Arábia Saudita, apoiando o governo que foi deposto pelo levante popular, bombardeou o Iêmen ao longo dos últimos oito anos. Essas ações aconteceram com apoio financeiro e militar dos Estados Unidos.
Em janeiro de 2022, por exemplo, um míssil enviado pelos Estados Unidos foi utilizado pela Arábia Saudita em um ataque contra um prédio em Saada, na região noroeste do Iêmen.
O ataque matou dezenas de civis, inclusive crianças. A bomba foi produzida pela Raytheon, que é uma das principais indústrias bélicas dos Estados Unidos.