O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) apresentou requerimento à CPI da Covid em que solicita do colegiado a aprovação da quebra dos sigilos bancário, fiscal, telemático e telefônico da 6M Participações.
A empresa tem como principal dono Francisco Emerson Maximiano, também é sócio da Precisa Medicamentos, que atuou como intermediária nas negociações para a compra da vacina indiana Covaxin e virou pivô do esquema de corrupção no Ministério da Saúde sob investigação da CPI.
“Documentos já à disposição desta Comissão indicam altos repasses financeiros da 6M Participações Ltda. para a Precisa Comercialização de Medicamentos Ltda, empresa que representava a Bharat Biotech no Brasil e sobre a qual recaem diversas suspeitas de ilícitos amplamente noticiadas”, diz o senador.
Uma reportagem no jornal O GLOBO mostrou que a Receita apontou que o empresário movimentou valor 80 vezes maior do que recebeu.
Francisco Emerson Maximiano tem um histórico de ser cobrado na Justiça por desvios de patrimônio, que geralmente são transferidos entre suas empresas de forma suspeita. Os sigilos fiscais do empresário já estão em poder da Comissão Parlamentar de Inquérito. A Receita Federal encaminhou os dados aos senadores no final de junho.
A Precisa Medicamentos já tem um histórico de golpe no Ministério da Saúde. Em 2018, o Ministério contratou com a empresa-irmã da Precisa, a Global Saúde, R$ 20 milhões em preservativos que nunca foram entregues. Na época, o ministro da Saúde era Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo Bolsonaro na Câmara.
A Precisa Medicamentos realizou dois depósitos no valor total de R$ 1 milhão para a Câmara de Comércio Índia Brasil. A transação foi feita às vésperas da assinatura do contrato de R$ 1,6 bilhão entre a empresa e o Ministério da Saúde para compra da vacina Covaxin, do laboratório indiano Bharat Biotech.
O governo chegou a assinar o empenho, ou seja, reservou o dinheiro, para o pagamento à empresa intermediária. O negócio só não se concretizou porque o servidor Luis Ricardo Miranda denunciou a roubalheira para o Ministério Público Federal.
Ele e seu irmão, o deputado Luis Miranda (DEM-DF), chegaram a levar a denúncia a Bolsonaro na ilusão de que ele tomaria providências.
Ele não só não tomou providências como iniciou uma perseguição implacável aos denunciantes.
Mais do que isso, demonstrou saber quem operava o esquema – seu líder na Câmara dos Deputados – e ainda presenteou o líder nomeando sua mulher para um cargo com salário de R$ 27 mil no Conselho Administrativo da Itaipu Binacional.
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