“Bolsonaro praticou todo tipo de crime e ilegalidade na pandemia”, afirmou o relator da CPI
O relator da CPI da Pandemia, Renan Calheiros (MDB-AL), disse que Jair Bolsonaro “praticou e continua praticando uma série de ilegalidades” no enfrentamento à pandemia, como na recusa a comprar vacinas, no seu negacionismo e na prevaricação no caso da Covaxin, quando foi alertado de um esquema de corrupção, mas não encaminhou para a Polícia Federal.
“A perspectiva é que no caso do presidente, seja enquadrado em crime de responsabilidade. Ele e outros agentes públicos. Ele praticou todo tipo de ilegalidade, de irregularidade e de crime”, afirmou no programa Roda Viva.
Jair Bolsonaro “criou um gabinete paralelo, que substituiu, na prática, o Ministério da Saúde. Mais do que aconselhamento, esse gabinete fazia formulação e especificava políticas públicas”, disse Renan.
“Através desse gabinete, ele evitou que nós tivéssemos uma comunicação competente, uma propaganda que fortalecesse as medidas não farmacológicas, e ele acreditou, em todos os momentos, que a imunidade teria que vir pela elevação do contágio e não pela vacina”, continuou.
Além disso, Bolsonaro “não só recusou as vacinas, ele desdenhou da sua eficácia. Ele defendia, em substituição à vacina, a imunidade de rebanho e trabalhava para que o vírus caminhasse livremente para que pudesse, caminhando, elevar o contágio da população. Isso também é um crime, uma ilegalidade”.
O senador também contou que Jair Bolsonaro “prescreveu medicamentos inúteis, chegou a postar fotografias com esses produtos, que não têm eficácia nenhuma”.
“Ele possibilitou, estimulou, que os empresários privados tivessem uma elevação de mais de 600% na venda desses produtos que benefício nenhum causava à população”. Por conta da propaganda mentirosa de Jair Bolsonaro, a Vitamedic conseguiu vender 1.230% a mais de ivermectina durante a pandemia.
“Nós deveremos responsabilizar todos aqueles que, de uma forma ou de outra, tiveram participação nesses fatos lamentáveis”.
Calheiros afirmou que “a CPI deve concluir seu trabalho responsabilizando agentes públicos, servidores, pessoas que não tiveram cuidado com a vida dos brasileiros e que fizeram aqui diferentemente do que foi feito no restante do mundo, com teorias malucas, defesa da imunidade de rebanho, gabinetes paralelos, aplicativos para prescrição da cloroquina, da ivermectina”
Renan Calheiros disse ainda que Bolsonaro atuou pessoalmente para facilitar a contratação da vacina Covaxin, onde tinha um esquema de corrupção, e ligou para o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, para conseguir a liberação de exportação de insumos para produção de cloroquina no Brasil.
No caso da Covaxin, Jair Bolsonaro foi alertado pelo servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, que havia um esquema de corrupção montado por seus superiores e pela Precisa Medicamentos, que agiu como atravessadora. Jair Bolsonaro preferiu acobertar seus aliados.
Segundo Renan Calheiros, “já há comprovação do crime de prevaricação. Não há nenhuma dúvida”.
“Estamos avançando para recolher suas digitais na negociação da Covaxin, que era a única vacina que Bolsonaro queria. Ele estava pedindo para comprar 20 milhões de doses da Covaxin, enquanto negava 170 milhões de doses da OMS, da Pfizer e do Butantan”, completou.