
Críticas sociais, exaltação dos representantes mais vulneráveis e injustiçados do povo brasileiro, manifestos contra a intolerância religiosa, o racismo, a destruição ambiental e as desigualdades marcaram o primeiro dia dos desfiles das escolas do Grupo Especial na Sapucaí.
O grande destaque da noite foi a Mangueira, com o enredo, “A verdade vos fará livre”. O carnavalesco Leandro Vieira trouxe para a avenida um Jesus Cristo que se junta aos mais pobres, que é ele também um morador das favelas, irmanado com os oprimidos e excluídos, como diz a belíssima letra do samba: “Eu sou da Estação Primeira de Nazaré/ Rosto negro, sangue índio, corpo de mulher/Moleque pelintra do Buraco Quente/ Meu nome é Jesus da Gente/ Nasci de peito aberto, de punho cerrado/ Meu pai carpinteiro desempregado/ Minha mãe é Maria das Dores Brasil.
Outra que também se destacou foi a escola de Niterói, a Unidos de Viradouro, que exaltou as mulheres na figura das Ganhadeiras de Itapuã, retratando a bravura da nossa ancestralidade negra e a preservação de uma cultura que permanece viva em Salvador.
A União da Ilha do Governador também escrachou as mazelas da vida do povo em seu desfile. Violência, desemprego, moradores de rua, pessoas famintas e maltrapilhas mostraram a vida dura das populações nas regiões mais carentes do país. Embora com problemas em um dos carros, que atrapalhou a sua harmonia, a Ilha fez um bom desfile.
Com enredo sobre Joãozinho da Gomeia, famoso pai de santo de Duque de Caxias, a Acadêmicos do Grande Rio evocou o respeito aos terreiros de candomblé e umbanda, que têm sido vítimas de ataques e da intolerância religiosa.
A Portela, escola que acumula mais vitórias no carnaval carioca, fez um desfile mostrando o “paraíso” perdido dos Tupinambás antes da colonização e o contraste entre esse paraíso e a selva urbana.
Também desfilaram ontem Estácio de Sá e Paraíso do Tuiuti. Hoje o desfile será aberto pela São Clemente, seguido de Vila Isabel, Salgueiro, Unidos da Tijuca, Mocidade Independente de Padre Miguel e Beija Flor.