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Presidente Diaz-Canel condena “política atroz e obsoleta” dos EUA
Milhares de jovens cubanos tomaram as ruas das cidades de Santa Clara e Bayamo neste final de semana para protestar contra o bloqueio norte-americano. As manifestações também ocorreram em vários pontos do planeta, como Alemanha, Argentina, Bélgica, Equador, Itália e Tunísia, reforçando a solidariedade à Ilha caribenha e o isolamento da política de Washington.
Desde 1992, Cuba apresenta anualmente às Nações Unidas um relatório sobre os impactos econômicos e sociais do bloqueio, contando sempre com uma esmagadora maioria de países que a apoiam, como aconteceu em 2021, quando recebeu o voto favorável de 184 nações. Naquela oportunidade, houve tão somente a rejeição dos EUA e Israel e a abstenção do Brasil, Colômbia e Ucrânia.
De acordo com o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, a realização destas caravanas reforça uma vez mais o isolamento de uma “política atroz e obsoleta” da Casa Branca, que ao longo de seis décadas causou danos unilaterais de US$ 147,85 bilhões. Enquanto Washington fomenta a agressão, assinalou o presidente, “irmãos de muitas cidades do mundo constroem pontes de amor para Cuba”.
“A convocatória para o ato começou a circular nas redes sociais e grupos de WhatsApp há alguns dias, mas logo vários de nós aderiram à iniciativa. Vieram com bandeiras, outro trouxe um alto-falante. A ideia é que, mesmo havendo bloqueio, aqui não perdemos a alegria nem o patriotismo”, declarou Allan Estrada, universitário de Santa Clara presente na caravana desde a madrugada.
A manifestação em Santa Clara ocorreu em uma estrada ao redor da cidade. A rota é considerada extremamente simbólica pois foi por ela em que entrou em 1959 a Caravana da Liberdade, caminho percorrido por mais de mil quilômetros pelo exército rebelde após o triunfo da Revolução Cubana em janeiro daquele ano.
Em Santa Clara, o passeio incluiu bicicletas, motocicletas, triciclos, carros pequenos e um ônibus panorâmico. Em parte do percurso, 50 camponeses a cavalo se juntaram para chegar ao local que guarda os restos mortais de Che Guevara, espaço histórico que serviu para encerrar o percurso.
Em Bayamo, centenas de jovens, trabalhadores e camponeses percorreram vários quilômetros da cidade para exigir o fim do embargo. Na cidade berço do hino nacional [¡Al combate corred, Bayameses!/ Que la patria os contempla orgullosa/ No temáis una muerte gloriosa/ Que morir por la patria es vivir], os manifestantes inundaram de bandeiras cubanas e canções para reafirmar a soberania e o socialismo.
A mobilização planetária surgiu para visibilizar os imensos danos causados pelo bloqueio, contrário ao direito internacional e responsável por sua grave situação econômica. As primeiras sanções começaram a ser aplicadas em fevereiro de 1962, com a assinatura pelo então presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, da ordem executiva 3447.
As sanções foram se intensificando progressivamente ao longo dos anos, com exceção da chamada temporada de degelo promovida pelos presidentes Barack Obama e Raúl Castro. O ex-presidente Donald Trump foi quem deu a última reviravolta nessas sanções, com um novo pacote de mais de 200 restrições, agora mantida pela administração de Joe Biden