
Mais da metade dos brasileiros — 57% — entende que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está errado ao pedir que a Justiça brasileira interrompa o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no STF (Supremo Tribunal Federal). É o que mostra nova pesquisa Datafolha, divulgada nesta quinta-feira (31).
A pesquisa, realizada entre 29 e 30 de julho, informou que um dos motivos apontados por Trump ao anunciar o tarifaço sobre as exportações brasileiras é o julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.
E questionou ainda se o presidente dos EUA estaria certo ou errado.
Os resultados apontam que, entre apoiadores do ex-presidente, a percepção se inverte. No grupo de eleitores de Bolsonaro em 2022, 2/3 — 66% — avaliam que o presidente americano está correto, 28% dizem que está errado, e 6% não opinaram.
ELEITORES DE LULA
Entre os eleitores de Lula, 82% acreditam que Trump está errado ao tentar parar o julgamento de Bolsonaro, e 13% acham que está certo, e 5% disseram não saber.
O Datafolha também questionou se os entrevistados consideram que o ex-presidente está sendo perseguido e injustiçado, visto que Trump defendeu essa tese em carta que anunciou a sobretaxa de 50% sobre itens importados do Brasil.
Sobre isso, a pesquisa revela divisão. Metade dos brasileiros diz que não, enquanto 45% avaliam que o ex-presidente está, sim, sendo perseguido e injustiçado. Outros 5% não opinaram.
MULHERES, HOMENS E RENDA
No recorte por gênero, a parcela dos que veem Bolsonaro sendo perseguido sobe para 48%, ante 41% de mulheres.
Entre os mais jovens —16 e 24 anos —, o índice é de 37%.
Na segmentação por renda, 59% das pessoas com renda entre 5 e 10 salários mínimos acham que o ex-presidente sofre perseguição; fatia que cai para 42% entre os mais pobres — renda de até 2 salários mínimos — e 45% entre quem recebe entre 2 e 5 salários.
RÉU NO STF
Bolsonaro é réu no STF sob acusação de ter liderado trama golpista para mantê-lo no poder após a vitória de Lula (PT), na eleição de 2022.
Condenado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral, está inelegível ao menos até 2030.
PROVÁVEL CONDENAÇÃO E PRISÃO
Em julho, a PGR (Procuradoria-Geral da República) apresentou as alegações finais contra o ex-presidente.
A expectativa no Supremo é que o processo sobre a tentativa de golpe de Estado esteja pronto para ir a julgamento no início de setembro.
Caso seja condenado pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio público e deterioração do patrimônio tombado, a pena pode passar de 40 anos de prisão.
INFLUÊNCIA DE EDUARDO NO TARIFAÇO
O Datafolha também buscou a percepção dos brasileiros sobre o papel do deputado federal licenciado, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no tarifaço. Nas últimas semanas, o filho do ex-presidente tem feito périplo pelos EUA, onde trabalha por sanções contra o Brasil e busca punições a ministros do STF.
Para 39% dos brasileiros, as ações de Eduardo Bolsonaro nos EUA tiveram muito impacto na decisão de Trump em taxar os produtos brasileiros. Outros 28% avaliam que o filho do ex-presidente teve um pouco de influência no tarifaço. Para 20%, o impacto foi nulo.
Entre os eleitores de Bolsonaro em 2022, 26% afirmaram que as ações de Eduardo tiveram muito impacto, e 38%, um pouco.
O Datafolha entrevistou 2.004 pessoas com mais de 16 anos, em 130 municípios. A margem de erro máxima é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.