
Programa de desenvolvimento, englobando apoio estatal à produção local, também contribui para a elevada aceitação do governo de Claudia Sheinbaum
O índice de aprovação do governo da presidente Claudia Sheinbaum saltou de 70 para 85% com sua determinação de defender o México, quando proclamou em praça pública: “Que se ouça claramente, que se ouça longe: o México não é colônia de ninguém, não é protetorado de ninguém, o México é um país livre, independente e soberano”, em resposta às provocações de Trump de que elevaria as tarifas de importação do país, chegando a 25% e que denominaria o Golfo do México de Golfo da América.
A presidente mexicana também respondeu às ameaças de deportações em massa de migrantes dos Estados Unidos, anunciadas por Trump. “Vamos sempre defender os mexicanos que vivem nos Estados Unidos”.
Os dados sobre a popularidade de Sheinbaum foram divulgados após uma pesquisa publicada na quinta-feira pelo jornal local El Financiero. A pesquisa revelou que a aprovação da presidente cresceu de 70% quando assumiu o cargo em outubro de 2024 para 85% no final de fevereiro de 2025.
Diante do apoio unificado dos mexicanos a sua forma decidida de enfrentar a guerra comercial que Trump queria impor, a Casa Branca anunciou recuo por 30 dias e que as tarifas só entrariam em vigor em 2 de abril e ainda que as negociações sobre elas ainda prosseguiriam.
Claudia decidiu celebrar o recuo e a aceitação de sua postura de defesa da soberania do México com um encontro popular no Zócalo (maior praça do país) que lotou com a presença estimada de 350 mil pessoas para escutar sua “Assembleia Informativa”.

As colunas de apoiadores chegavam entoando palavras de ordem como “Cláudia, escuta, a assembleia está na sua luta” e “Não voltaremos ao modelo neoliberal” e trazendo cartazes em repúdio à perseguição de imigrantes determinada por Washington.
Na praça, Claudia apostou em um caminho diferente daquele que Trump quer impor, dizendo de sua “confiança no diálogo”, reconhecendo que “há os que não estão interessados em um bom relacionamento entre os nossos povos e governos”, mas destacando que “com informação e diálogo podemos sempre alcançar uma relação de respeito”.
A presidente mexicana precisou que há cerca de 38 milhões de mexicanos que moram nos Estados Unidos, dois terços dos quais nasceram naquele país. Notou ainda que o México desenvolveu uma estratégia para abordar o fenômeno da migração “sem violar os direitos humanos, começando pelo direito à vida” e que a forma mais humana de abordar este fenômeno é promovendo o desenvolvimento para evitar que as pessoas migrem por necessidade.
Ela destacou seu “compromisso em continuar a trabalhar sob quatro máximas: para o bem de todos, primeiro os pobres; não pode haver um governo rico com pessoas pobres; alimentação saudável, educação, saúde, habitação e salários justos, que são direitos do povo mexicano, não são bens ou privilégios; e com o povo, tudo, sem o povo, nada.
Na sua prestação de contas ao povo, detalhou cinco eixos para fortalecer a economia mexicana face à ameaça tarifária de Trump:
1 – Fortalecer o mercado interno. Isto significa continuar a aumentar o salário mínimo e o bem-estar do povo
2 – Aumentar a autossuficiência em alimentos básicos e energia. O principal é que o que consumimos no México seja produzido no México
3- Promover o investimento público para impulsionar a criação de emprego. A construção de ferrovias da Cidade do México para Nuevo Laredo e da capital para Nogales já está começando este mês. Estradas, obras hidráulicas, obras de bem-estar social e um milhão de casas para o povo do México, com as quais nos comprometemos
4 – Promover a produção nacional para o mercado interno com o Plano México
5 – Fortalecer a base do nosso projeto com os programas de Assistência Social: pensão para idosos, bolsas de estudo, apoio a pessoas com deficiência, fertilizantes Gratuitos e mais três novos programas: apoio a todas as mulheres de 60 a 64 anos, bolsas de estudo para todas as crianças de escolas públicas e ainda o Programa de Assistência Social de Saúde de Casa em Casa.”
ESTADOS UNIDOS DEVEM IMPEDIR ENTRADA DE ARMAS NO MÉXICO
A presidente assinalou que “é essencial abordar o consumo de drogas desde a raiz do vício”. Citando números oficiais dos EUA, afirmou que, graças às apreensões feitas no México, a entrada de fentanil nos Estados Unidos através da fronteira de 3.100 quilômetros foi reduzida em 50% entre outubro de 2024 e janeiro de 2025. Notou ainda que, tal como existe uma estratégia para impedir a entrada de droga nos Estados Unidos, “propusemos ao governo dos Estados Unidos que sejam aplicadas medidas para impedir que armas de alto poder cheguem ao nosso país”.
Claudia Sheinbaum expressou mais tarde a sua gratidão aos “deputados e senadores porque a maioria dos Programas de Bem-Estar Social já estão na Constituição e são direitos do povo do México”.
APOIO POPULAR
O apoio popular expresso na manifestação reuniu pessoas de Oaxaca, estado do México, Jalisco, Puebla, Veracruz, Guerrero, Zacatecas, Chiapas, Hidalgo, Nayarit, entre outras regiões. Tiveram forte importância na mobilização vários sindicatos, incluindo o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Educação (SNTE), o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Instituto de Previdência Social e Serviços para os Trabalhadores do Estado (SNTISSSTE), o Sindicato da Secretaria do Ambiente e Recursos Naturais (SNTSEMARNAT), o Sindicato dos Trabalhadores do Estado do México, bem como o Sindicato dos Trabalhadores Ferroviários.