Depois de fala errática de Pazuello no Senado cresce pressão por CPI da Covid-19

Ministro Eduardo Pazuello durante depoimento ao lado do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Foto: Waldemir Barreto - Agência Senado
Requerimento tem assinaturas suficientes (30) para instalação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito). Presidente do Senado ainda quer ouvir os líderes sobre a pertinência e necessidade da CPI. Governistas se movimentam para retirar assinaturas do requerimento para derrubar investigação

A fala errática — sem dados concretos sobre o plano de imunização da população contra a pandemia do novo coronavírus do Ministério da Saúde —, do ministro Eduardo Pazuello, quinta-feira (11), no plenário do Senado, fez crescer a pressão pela abertura de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid-19.

Há três movimentos em curso nesse processo. Um, parte da oposição, que já colheu as assinaturas para a instalação da CPI. O mínimo de assinaturas necessárias são 27. O requerimento encabeçado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) conta com 30 e foi protocolizado no dia 4 de fevereiro.

Segundo o autor do requerimento, Randolfe Rodrigues, uma ação sistemática do governo federal violou os direitos fundamentais e básicos à saúde e à vida dos cidadãos.

O outro, é do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que tenta contemporizar. Ele anunciou quinta-feira (11) que vai discutir com os senadores se há necessidade ou não de apurar, por meio de uma CPI, as ações do governo federal no combate à pandemia.

“Essa questão da comissão parlamentar de inquérito, que foi requerida pelo senador Randolfe Rodrigues [Rede-AP], com a assinatura de outros senadores, deve ser avaliada agora à luz de todas essas explicações que foram dadas pelo ministro [Eduardo Pazuello, da Saúde]. Eu vou conversar com todos os líderes partidários e com outros senadores para avaliarmos sobre a conveniência e a pertinência de se instalar a CPI ou não neste momento”, afirmou.

A base governista, a seu turno se movimenta para inviabilizar a CPI retirando assinaturas do requerimento. É que se o pedido não estiver sustentado por pelo menos 27 assinaturas não é validado e vai ao arquivo.

ADIAR INSTALAÇÃO DA CPI

A jornalista da GloboNews, Andréia Sadi, repercutiu em seu blog no portal G1, que “integrantes da base aliada do governo admitem, de forma reservada, que a fala do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, ao Senado na quinta-feira (11) amplia o desgaste do ministro como chefe da ação federal para conter a pandemia do coronavírus”.

“No entanto, esses líderes governistas trabalham junto ao Planalto para adiar ao máximo a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde para apurar responsabilidades e omissões do governo durante a crise.”

“A avaliação colhida pelo blog é que o governo ‘não aguenta’ politicamente duas frentes de ‘pressão’ sobre Pazuello, em meio às indefinições a respeito das vacinas e insumos para imunizar toda a população. E não há, por ora, intenção de o presidente trocar o ministro da Saúde em meio à crise, o que poderia ajudar a diminuir a temperatura das críticas entre políticos.”

RANDOLFE RODRIGUES

Líderes de oposição como o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmam que as respostas de Pazuello foram insuficientes, e fazem pressão junto ao presidente do Senado para que a CPI seja inadiável.

“A fala do Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, aqui no Senado, não convence. O país ainda precisa de muitas respostas e soluções. A CPI da COVID-19 continua sendo INDISPENSÁVEL! #CPIJA”, tuitou Randolfe Rodrigues, que é o líder da oposição na Casa.

O senador eleito pelo Amapá é o autor do requerimento para instalação da CPI, assinado por 30 senadores:

• Randolfe Rodrigues (Rede-AP)

• Jean Paul Prates (PT-RN)

• Alessandro Vieira (Cidadania-SE)

• Jorge Kajuru (Cidadania-GO)

• Fabiano Contarato (Rede-ES)

• Alvaro Dias (Podemos-PR)

• Mara Gabrilli (PSDB-SP)

• Plínio Valério (PSDB-AM)

• Reguffe (Podemos-DF)

• Leila Barros (PSB-DF)

• Humberto Costa (PT-PE)

• Cid Gomes (PDT-CE)

• Eliziane Gama (Cidadania-MA)

• Major Olimpio (PSL-SP)

• Omar Aziz (PSD-AM)

• Paulo Paim (PT-RS)

• José Serra (PSDB-SP)

• Tasso Jereissati (PSDB-CE)

• Weverton (PDT-MA)

• Simone Tebet (MDB-MS)

• Rose de Freitas (MDB-ES)

• Rogério Carvalho (PT-SE)

• Renan Calheiros (MDB-AL)

• Eduardo Braga (MDB-AM)

• Rodrigo Cunha (PSDB-AL)

• Lasier Martins (Podemos-RS)

• Zenaide Maia (Pros-RN)

• Paulo Rocha (PT-PA)

• Styvenson Valentim (Podemos-RN)

• Acir Gurgacz (PDT-RO)

INQUÉRITO NA PF

A Polícia Federal abriu, em 29 de janeiro, por determinação do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, inquérito para investigar a conduta do ministro da Saúde na crise sanitária do Amazonas.

A investigação deve tramitar no Sinq (Serviço de Inquéritos Especiais) porque Pazuello, na condição de ministro, tem foro privilegiado. Ele prestou depoimento à PF na tarde do dia 4 deste mês.

MARCOS VERLAINE (colaborador)

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