
Parlamentares e representantes de entidades e movimentos sociais paranaenses participaram se reuniram com o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para pedir apoio contra a privatização da Companhia Paranaense de Energia (Copel).
A deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), o deputado estadual Arilson Chiorato (PT), que é coordenador da Frente Parlamentar das Estatais e Empresas Públicas, os deputados federais Tadeu Veneri, Elton Welter e Carol Dartora, e os deputados estaduais Requião Filho e Renato Freitas, encabeçaram a reunião.
Para a deputada Gleisi, a geração de energia é fundamental e tem que ser pública. “A Copel foi construída com dinheiro público e pertence aos paranaenses. Não podemos permitir que aconteça no Paraná o que aconteceu com a Eletrobras. Vocês estão vendo a luta do presidente Lula pra recuperar a empresa para o Estado Brasileiro. A geração de energia não pode ficar com o interesse privado”, frisou.
“Não podemos entregar um bem tão importante, como a geração de energia ao setor privado. Quem vai pagar a conta é a população paranaense que sofrerá com o aumento das tarifas. Não faz sentido vender a maior empresa pública do Paraná que tanto contribui com o desenvolvimento do nosso estado”, destacou Gleisi.
“A Copel foi construída com dinheiro do povo paranaense, as suas usinas, o que adianta vender a Copel agora? Jamais vai recuperar tudo que foi investido e vai deixar a energia ainda mais cara. Nosso papel hoje aqui é falar com Fernando Haddad, com Márcio Macedo, já estivemos na Advocacia Geral da União, vamos também no Tribunal de Contas da União para tentar impedir essa privatização. Ela faz mal para o povo do Paraná e vai fazer mal ao Brasil”, ressaltou Gleisi.
“As reuniões desta quarta-feira foram estratégicas. Apresentamos ao ministro Fernando Haddad documentos que apontam diversas infrações cometidas pela Copel no processo de privatização. Também debatemos os impactos da privatização para o governo federal, uma vez que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) é o segundo maior acionista da Copel depois do Estado do Paraná”, afirmou Arilson Chiorato.
“Esses encontros são importantíssimos para colocar todos os órgãos do governo federal a par dos trâmites ocorridos no caso da Copel. Saio confiante, inclusive o ministro Haddad propôs que façamos uma junção entre o Ministério de Minas e Energia, AGU (Advocacia – Geral da União), TCU (Tribunal de Contas da União), Casa Civil, Secretaria-geral da Presidência e o Ministério da Fazenda, e discuta os problemas que envolvem o processo de privatização da Copel, de uma forma lúcida e cuidadosa, por conta das possíveis irregularidades cometidas, tanto jurídica, quanto no processo como um todo”, afirmou o coordenador Frente Parlamentar das Estatais e Empresas Públicas.
Para o deputado estadual Requião Filho, a reunião “foi muito proveitosa, estivemos com ministros, deputados federais e estaduais, debatendo questões importantes para o futuro do Paraná. Temas sensíveis referentes ao pedágio, a privatização da Copel e tantos outros. Contamos com o apoio do Governo Federal em tratar destes assuntos que são tão caros para todo nosso povo paranaense”.
Entre os pontos apresentados e discutidos com o ministro Haddad estão os erros e irregularidades praticados pelo Copel junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), como a compra de quase R$ 1 milhão em ações pelo diretor financeiro da Copel e provável dívida de R$ 3,2 bilhões, que foi denunciada, nesta quarta-feira, pela imprensa.
Também estavam presentes o Sindicato dos Engenheiros no Paraná (Senge), o Movimento Soberania Nacional, o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana, Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Carambeí e Região, Central Única dos Trabalhadores Paraná, Sindicato dos Empregados em Postos de Serviços de Combustíveis e Derivados de Petróleo e Lojas de Conveniências em Postos de Curitiba, Região Metropolitana e Litoral, Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba, Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná, Centro de Formação Urbano Rural Irmã Araújo, Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto e Sindicato dos Bancários.
AUDIÊNCIAS PÚBLICAS
Além da mobilização em Brasília contra a privatização, a Frente Parlamentar das Estatais e Empresas Públicas, já realizou três audiências públicas sobre o tema, em Curitiba, Francisco Beltrão e Cascavel.
As próximas audiências estão marcadas para os dias 17 de junho em Londrina, 24 de junho em Cianorte e 01 de julho em Guarapuava. Em Londrina, a audiência pública acontecerá na Câmara. Cianorte e Guarapuava ainda não estão com os locais definidos.
O coordenador da Frente Parlamentar, ressaltou a importância de realizar audiências públicas sobre a Copel por todo Paraná. “O objetivo é ouvirmos a população para saber o que ela pensa e também para espalhar esta notícia que está escondida do povo. A Copel está para o Paraná, em termos de grandeza, como a Petrobras está para o Brasil. Ela é valiosa e tem uma função social para o estado. Não podemos deixar que ela seja privatizada de uma forma rápida e sem discussão com a sociedade”, disse Arilson Chiorato.
As reuniões organizadas pela Frente Parlamentar das Estatais e Empresas Públicas da Assembleia Legislativa do Paraná resultaram na criação de uma Frente Popular e Democrática em Defesa da Copel Pública, composta por partidos, sindicatos, movimentos sociais e entidades que se mobilizaram para ampliar o debate sobre a privatização e alguns questionamentos têm sido apontados no processo, tais como: “dados inconsistentes em balanço, contratação irregular de assessoria, ‘venda casada’ e assédio moral com os funcionários”.
“A entrega da Copel ao mercado financeiro só beneficiará os acionistas, como já vem acontecendo, uma vez que só se importam apenas com o retorno de seus investimentos, e não com os investimentos necessários para o Paraná crescer. O que não falta é queixa em diferentes regiões do Paraná sobre queda de energia elétrica, em especial nos pequenos municípios. A Copel não precisa ser vendida, precisa ser cuidada e administrada por pessoas que pensem no bem-estar coletivo e no desenvolvimento econômico e social do estado”, ressaltou Chiorato.