As mulheres ganharam os menores salários no mercado de trabalho informal em 2021. O dado consta do estudo “Panorama das mulheres no mercado de trabalho – Período 2012-2021”, feito a partir de microdados da Pnad, pesquisa oficial sobre mercado de trabalho elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A diferença salarial entre homens e mulheres é o que também mostra um estudo encomendado pelo G1, segundo o qual, as mulheres ganham cerca de 20% menos do que os homens no Brasil.
O levantamento feito pela consultoria IDados, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio do IBGE, a pedido do G1, mostra que a diferença salarial entre homens e mulheres permanece, mesmo quando se compara os mesmos perfis de escolaridade, idade e mesma categoria de ocupação.
O estudo mostra ainda que essa diferença foi agravada em 2021 se comparada com 2020. De acordo com o estudo, as mulheres ganharam em média 20,50% menos do que os homens no 4º trimestre de 2021, contra 19,70% a menos no final de 2020.
O levantamento mostra que, embora “a diferença do rendimento médio entre gêneros venha mostrando uma tendência de redução nos últimos anos”, quando se compara a renda da hora trabalhada entre homens e mulheres com a mesma escolaridade, idade e mesma atividade, “a desigualdade permanece estagnada no patamar de 20%”.
“Quando comparamos grupos que são comparáveis, a mulher ainda ganha 20% a menos. É um problema estrutural na nossa sociedade e que está persistindo, e é preocupante porque ao mesmo tempo as mulheres têm uma escolaridade mais alta do que os homens”, afirma Thais Barcellos, pesquisadora da consultoria IDados e autora do estudo.
Segundo a pesquisadora, “não é simplesmente usar a palavra machismo, mas ver como isso se reflete na nossa sociedade, na licença maternidade, para a mulher que precisa se dedicar tanto em afazeres domésticos a mais do que um homem, e no final das contas é tão produtiva quanto o homem no trabalho”, diz. “Tem uma conta que eu sempre gosto de fazer: como as mulheres ganham 20% menos, daria para trabalhar 20% menos então no ano. Só até 18 de outubro. É como se a cada ano a mulher trabalhasse 74 dias de graça”.
O estudo mostra também que o desemprego ainda segue mais alto entre as mulheres e que a maioria das mulheres em idade de trabalhar no país permanece fora do mercado de trabalho.
“O homem consegue se inserir em ocupações que têm salários mais altos e mais trabalhos formais, enquanto a mulher, muitas vezes porque ela tem uma jornada dupla ou tripla, não consegue barganhar tanto e aceita condições piores. Inclusive há levantamentos que mostram que homens com filhos são menos penalizados do que mulheres com filhos”, afirma Thaís Barcellos.