
Os dados sobre condições de trabalho das mulheres – divulgados pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) nesta sexta-feira (7), em celebração ao Dia Internacional da Mulher – revelam que, mesmo com números positivos em algumas áreas da economia, a remuneração continua baixa e as desigualdades salariais entre homens e mulheres no mercado de trabalho permanecem.
No Boletim Especial 8 de março de 2025, o Dieese mostra que, apesar de chefiarem 52% dos lares brasileiros, as mulheres “continuam com as maiores taxas de desemprego, os menores salários e ainda acumulam tarefas domésticas, incluindo atividades relacionadas aos cuidados de outras pessoas, atribuição que muitas ainda realizam além dos limites dos próprios lares, como trabalho remunerado”, diz o Boletim.
Segunda a pesquisa, a taxa de desocupação feminina em 2024 foi de 7,7%, contra 5,3% da dos homens, e no caso das mulheres negras, a desocupação atingiu 9,3%, taxa muito maior que a dos homens não negros (4,4%).
Em relação ao salário, a pesquisa mostra que mulheres ganharam R$ 762 a menos que os homens, em média, ou seja, cerca de 22% menos, e que entre o 1% do contingente mais bem remunerado, as mulheres foram minoria (22%). Outro dado é que “uma em cada três (37%) mulheres ocupadas [ou seja, incluindo o trabalho informal] ganhava um salário mínimo ou menos.
Considerando as mulheres que concluíram o ensino superior, elas ganhavam R$ 2.899 a menos por mês do que os homens com o mesmo nível de educação. Já em relação às mulheres negras, o Diesse afirma que “quando se compara o rendimento médio dessas mulheres (R$ 3.964) e o dos homens não negros, ambos com ensino superior (R$ 8.849), a diferença é de R$ 4.885, o que evidencia o tamanho da discriminação”.
Os dados também revelam que a taxa de subutilização da força de trabalho, quando as pessoas estão subempregadas ou trabalhando menos do que desejavam, foi de 19,4% entre as mulheres e de 12,6% entre os homens. Entre as negras, quase um quarto (23,2%) estava nessa condição.
De acordo com o Boletim, que usa dados do terceiro trimestre de 2024 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PnadC-IBGE), e também PnadC, por ano, as mulheres gastam ainda o equivalente a 21 dias a mais que os homens trabalhando em tarefas domésticas.
“Cerca de 13 milhões de mulheres disseram que não estavam aptas a trabalhar porque tinham que cuidar dos afazeres domésticos, filhos ou outros parentes. Esse número representou cerca de 31% das mulheres fora da força de trabalho. Apenas 3% dos homens fora da força de trabalho afirmaram que os afazeres domésticos ou cuidados com outras pessoas não permitiam que eles trabalhassem”.
Segundo o Boletim, “o tempo de trabalho não remunerado feminino penaliza as mulheres no mercado de trabalho remunerado, o que é determinante para as desigualdades salariais. Fica evidente a necessidade de políticas públicas voltadas para a redistribuição dos trabalhos domésticos não remunerados, como, por exemplo, a extensão da licença-paternidade e a ampliação da oferta de creches públicas”.
“Diante dessa grande e persistente desigualdade salarial entre homens e mulheres, de elas serem maioria entre os ocupados com menores rendimentos e também nas chefias de domicílio, sobretudo dos arranjos monoparentais, é urgente a discussão sobre a qualidade de vida das famílias comandadas por mulheres, assim como o investimento em políticas mais efetivas para diminuir a vulnerabilidade econômica e social das famílias”, afirma o Dieese.