
O principal organismo de Direitos Humanos da ONU aprovou na sexta-feira (18) por 29 a 2 o envio urgente de uma comissão independente internacional para investigar a matança a tiros de manifestantes civis desarmados em Gaza, cujo auge ocorreu no dia da mudança, para Jerusalém, da embaixada de Trump. Só nesse dia foram 61 mortos. Apenas a Austrália acompanhou o voto ‘não’ de Washington; mesmo sob ameaça de represálias de Trump, 14 países se abstiveram.
Desde que a Marcha pelo Direito de Retorno começou no final de março, o total de palestinos mortos chega a 106, sendo 15 crianças; há 50 civis em estado de coma nos hospitais de Gaza, e o total de feridos ultrapassa 12.000, dos quais 3.500 com munição real. Não pouparam ninguém, inclusive mulheres, crianças, e até um duplamente amputado. Tel Aviv assevera que sofreu uma baixa: um soldado teria ficado levemente machucado por uma pedra.
A investigação já havia sido exigida pelo chefe de Direitos Humanos da ONU, Zeid Ra’ad Al Hussein, e por vários governos. Potência ocupante, pela lei internacional estaria obrigada a proteger a população de Gaza e a matança indiscriminada de civis desarmados configura crime de guerra. Para Zeid, os palestinos de Gaza “estão aprisionados em uma favela tóxica do nascimento à morte”. O relator especial da ONU para a situação de direitos humanos na Palestina ocupada, Michael Lynk, afirmou que houve “crime de guerra”.
O regime de apartheid israelense retrucou, em colérica declaração, que o Conselho de Direitos Humanos da ONU era “dominado pela hipocrisia e absurdo”, e que Israel só faz se defender dos violentos palestinos. A proposta de uma comissão independente de investigação já havia sido apresentada pelo Kuwait na reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU sobre o massacre de Gaza, mas foi barrada pelos EUA.
Dois milhões de palestinos mal sobrevivem no campo de concentração em que a faixa de Gaza foi transformada pelo ocupante israelense, sob bloqueio, desemprego, fome, falta de remédios e violência do ocupante. Na quinta-feira, o presidente egípcio, Abdel Fattah Al sisi, ordenou a abertura da fronteira em Rafah durante o mês sagrado do Ramada “para aliviar o fardo sobre nossos irmãos da Faixa de Gaza”.
Em Istambul, a Organização de Cooperação Islâmica, que congrega 57 países, reunida por sugestão do presidente Recip Erdogan, condenou “os selvagens crimes cometidos pelas forças israelenses com o suporte do governo dos EUA”, denunciou a transferência da embaixada norte-americana para Jerusalém contrária à lei internacional e pediu que a questão seja reapresentada ao Conselho de Segurança e à Assembleia Geral da ONU. Erdogan pediu ainda o envio de uma força de paz da ONU para “proteger os palestinos”.