Acompanhe aqui
A CPI da Pandemia está tomando o depoimento do diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres.
Os membros da CPI irão questionar o diretor da Anvisa sobre o atraso na liberação de vacinas, quando o país passa por uma urgência sanitária, com mais de 423 mil mortos pela Covid-19.
A convocação de Barra Torres é resultado de quatro requerimentos apresentados à CPI. O primeiro deles, do senador Angelo Coronel (PSD-BA), questiona o fato da Anvisa ter negado autorização à vacina Sputnik V, produzida pelo laboratório russo Gamaleya.
“O processo que levou à não liberação pela Anvisa da Sputnik V foi envolto em polêmicas e supostas pressões de ambos os lados. Tal processo merece ser apreciado por esta CPI e por isso é imperiosa a convocação”, argumenta Coronel.
Sobre esse tema, confrontado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Antônio Barra Torres admitiu que recebeu e tem conhecimento dos documentos do Gamaleya negando a presença de adenovírus replicante na vacina Sputnik V. Entretanto, Torres voltou a afirmar que a presença de adenovírus replicante “é a informação do desenvolvedor”. “O desenvolvedor coloca isso de maneira clara nos documentos que ele envia a nós, dizendo que em todos os lotes foi observado um valor diferente de zero. Temos uma contraposição de informações”, disse.
“Diga-se de passagem, nesse documento após a nossa decisão na segunda-feira”, continuou, mas foi interrompido por Randolfe, que reafirmou que os documentos são anteriores à decisão da Anvisa.
“Essa documentação que me chega aqui é datada de março, essa decisão da Anvisa é de abril”, verificou o senador.
Os outros três requerimentos foram apresentados pelos senadores Eduardo Girão (Podemos-CE), Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Pandemia, e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da comissão.
Para Randolfe, Barra Torres precisa explicar por que houve “atraso e omissão” na compra de imunizantes. “Só foi possível chegar a essa situação catastrófica por conta dos inúmeros e sucessivos erros e omissões do governo no enfrentamento da pandemia da Covid-19 no Brasil”, justifica.
Mas Barra Torres também deverá ser questionado sobre o escandaloso caso da tentativa de fraudar a bula da cloroquina, fato relatado pelo ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
Mandetta contou no seu depoimento na CPI que foi chamado a uma reunião em que Barra Torres estava presente.
Na reunião, a médica bolsonarista Nise Yamaguchi, sem qualquer cargo no governo, fez a proposta de mudar a bula da cloroquina para incluir o combate à Covid-19.
No encontro foi apresentado um texto pronto para a publicação, propondo a alteração. Era uma minuta de decreto, sem a insígnia do governo federal.
Yamaguchi chegou a ser cotada para o cargo de ministra da Saúde, após o pedido de demissão de Nelson Teich.
“Esse documento, ele foi comentado pela doutora Nise Yamaguchi, o que provocou uma reação confesso um pouco deseducada ou deselegante minha. Minha reação foi muito imediata de dizer que aquilo não poderia ser feito”, relatou Torres em seu depoimento.
Mas Barra Torres não quis dizer quem foi o autor da minuta, disse não saber quem elaborou o documento.
Com informações da Agência Senado