Vejam o que ele disse em 1993: “Não querem informatizar as apurações pelo TRE. Sabe o que vai acontecer? Os militares terão trinta mil votos e só terão computados três mil”
Jair Bolsonaro não tem o menor compromisso com a verdade. Ele adapta suas opiniões e seus discursos ao que lhe interessa a cada momento. No momento atual, atacar urnas eletrônicas faz parte de seus planos golpistas. Já defendeu o voto digital, mas agora, insinua que as urnas eletrônicas podem ser fraudadas. Isso, é claro, porque ele está e queda nas pesquisas.
E o pior e que, neste caso, essa encenação não tem a menor originalidade. É uma imitação pura e simples do que fez o seu guru, Donald Trump, antes de ser defenestrado da Casa Branca na eleição do ano passado. O plano golpista é alardear com antecedência que haverá fraude na urna eletrônica para insuflar as suas milícias – digitais e físicas – para que elas tumultuem o processo eleitoral.
No caso dos Estados Unidos, os fascistas e lunáticos, insuflados por Trump, acabaram invadindo o Capitólio – o congresso americano -, causando a morte de cinco pessoas e tumultuando a divulgação do resultado das eleições americanas. Os ataques de Bolsonaro às urnas eletrônicas e aos juízes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) visam preparar o terreno para esse tipo de operação criminosa no Brasil.
A opinião que ele tinha antes, a favor das urnas eletrônicas, não servem para seus planos atuais. Ele defendeu voto eletrônico em 1993. Em reportagem do Jornal do Brasil daquele ano, Bolsonaro cobrou a informatização do sistema eleitoral exatamente para evitar fraudes nos resultados. “Esse Congresso está mais do que podre. Estamos votando uma lei que não muda nada. Não querem informatizar as apurações pelo TRE. Sabe o que vai acontecer? Os militares terão trinta mil votos e só terão computados três mil”.
Veja a reportagem de 1993
Como esse discurso a favor da urna eletrônica de 1993 atrapalha seu plano golpista atual, ele muda radicalmente de opinião sem a menor cerimônia. Tem que inverter tudo e dizer que as urnas eletrônicas é que são passíveis de fraudes. Não há a menor lógica nesta afirmação, até porque o seu guru do norte lançou a mesma dúvida sobre o voto americano que não é eletrônico. Lá o voto é impresso. O que prova que Bolsonaro quer mesmo é tumultuar.
Sem apresentar prova nenhuma, o capitão cloroquina citou recentemente um ataque hacker ao código-fonte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como prova de que houve fraude eleitoral nas eleições presidenciais de 2018. Não passou de mais uma de suas mentiras. Na mesma hora, a Polícia Federal desmentiu a declaração e garantiu que o ataque de 2018 não atingiu o código fonte do TSE.