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“Mais de 60 países do mundo estão vacinando, e nós estamos vacilando. Não faz sentido”, disse o governador de SP
O governador de São Paulo, João Doria, afirmou nesta segunda-feira (11), durante entrevista coletiva, que pode antecipar a vacinação contra o novo coronavírus no estado – prevista para ser iniciada no dia 25 – ao cobrar que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) conclua a análise do pedido de uso emergencial da CoronaVac.
“Respeito pela ciência, pelos estudos, pela Anvisa, mas respeito, sobretudo, pela vida. Não podemos nos esquecer de que o Brasil está perdendo mil vidas todos os dias. O senso de urgência, amparado pela ciência, deve prevalecer. Não é razoável que processos burocráticos, ainda que em nome da ciência, se sobreponham à vida”, afirmou Doria.
Desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac e produzida no Brasil em parceria com o Instituto Butantan, a Coronavac teve seu pedido de uso emergencial submetido à Anvisa, na sexta-feira, 8, mas, no dia seguinte, após uma triagem dos documentos enviados, a agência pediu mais informações para avaliar o pedido.
Mais cedo, em entrevista à Radio CBN, Doria disse: “Está mantido o prazo de 25 de janeiro. São Paulo iniciará a vacinação em 25 de janeiro e, se possível, até antes. Se houver a liberação da vacina antes, iniciaremos a vacinação antes. Aliás, é o que desejamos para todo o Brasil”.
Durante a coletiva, o governador de São Paulo cobrou a Anvisa, o Ministério da Saúde e o governo federal. “Olhem as perdas que estamos tendo no Brasil. Mais de 60 países do mundo estão vacinando, e nós estamos vacilando ao invés de estarmos vacinando. Não faz sentido. Segundo país em número de mortes, terceiro país em casos, e não começamos a vacinar ainda? Não é razoável, não é aceitável, não é justificável”, afirmou.
“Postegar, adiar e burocratizar para servir a qual interesse? Diante de um país vitimado pela covid e que já perdeu mais de 200 mil vidas. É hora de ter compaixão e colocar sentimento acima de qualquer discussão de ordem política, ideológica e partidária”, disse Doria durante a coletiva realizada no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo
PLANO NACIONAL
O governador também cobrou que o Ministério da Saúde apresente mais detalhes sobre o plano nacional de imunização. “Se levar em conta a população, densidade demográfica, está correto. se levar em conta também o grau de incidência do número de infectados e mortes, correto também. Se levar em conta outros aspectos e não a essencialidade desses, incorreto. Por isso São Paulo mantém o seu programa estadual de imunização com início 25 de janeiro. Qual a data prevista para o programa nacional de imunização? Ninguém é capaz de dizer, porque não há. O governo federal não admite que não tem a data para o inicio do Programa Nacional de Imunização”, afirmou Doria.
Sobre o plano estadual de vacinação, ele mostrou a celeridade no planejamento. “Aqui nós planejamos com antecedência, ouvindo a ciência e a medicina. (…) Vocês vão conhecer hoje, aqui, mais detalhes sobre o programa estadual de imunização de São Paulo, que está mantido, até porque não conhecemos todos os detalhes do Programa Nacional de Imunização”, disse. Veja detalhes abaixo.
Na coletiva, foi apresentado o programa de logística do Estado de São Paulo para a vacinação. Nele foi anunciado que o Estado terá capacidade para entregar 2 milhões de doses da Coronavac por semana aos municípios paulistas a partir da aprovação pela Anvisa.
“As doses partirão para uma central de logística do governo de São Paulo, primeiro diretamente aos 200 municípios mais populosos, com mais de 30 mil habitantes. Nossa capacidade logística permitirá a distribuição de 2 milhões de doses por semana por meio de caminhões refrigerados. Serão 70 rotas por semana”, disse o secretário executivo da Secretaria Estadual da Saúde, Eduardo Ribeiro.
O governo vai utilizar os 5.200 postos de vacinação já existentes nos 645 municípios do estado e ampliar a rede para até 10 mil locais de vacinação usando escolas, quartéis da PM, estações de trem e terminais de ônibus, além de farmácias e pontos de vacinação no sistema drive-thru.
Para a logística da 1ª fase de imunização, o governo do estado promete ainda:
• Distribuição: até 2 milhões por semana, em média, com uso de 70 caminhões refrigerados; até a última quarta (6), a previsão era de 30 caminhões.
• Profissionais de saúde: atuação de 52 mil; até a última quarta (6), a previsão era de 54 mil profissionais.
• Materiais: uso de 75 milhões de seringas e agulhas; dessas, 20 milhões já estão distribuídas para a rede de saúde, segundo o governo, e outras 50 milhões serão distribuídas em remessas mensais de janeiro a agosto.
• Refrigeração: uso de 5.200 câmaras frias, cuja manutenção preventiva foi feita nos 25 Grupos de Vigilância Epidemiológica Regionais em todo o estado.
• Entrega para municípios: distribuição direta para 200 municípios com mais de 30 mil habitantes semanalmente e via 25 postos estratégicos de armazenamento para os outros 445 municípios do estado.
• Policiamento: emprego de 25 mil policiais para escolta das vacinas e segurança dos locais de vacinação.
DOSES
Durante a coletiva desta segunda, o secretário da Saúde disse que, por conta do acordo com o governo federal, o número de doses disponíveis para o estado de São Paulo deve ser menor do que o previsto inicialmente.
“Temos que entender que, hoje, a única vacina que temos disponível no nosso país é a vacina do Butantan, que será, a partir do momento que liberada pela agência reguladora Anvisa, distribuída para os estados. Desta maneira, nós entendemos que terá uma fração muito menor para o estado de São Paulo frente àquela que imaginávamos de 46 milhões de doses”, afirmou Jean Gorinchteyn.
O governo paulista também admitiu a possibilidade de atrasar a aplicação da segunda dose da CoronaVac para que um número maior de pessoas possam receber a primeira.
“Nosso cronograma inicial foi baseado em fazer duas doses num prazo entre 14 e 28 dias. Existe a possibilidade de manter os mesmos grupos a serem vacinados com a possibilidade de a segunda dose ser postergada. Não estou dizendo isso como uma posição definitiva, o Centro de Contingência ainda não se posicionou sobre esse tema, mas esta é uma possibilidade”, disse João Gabbardo, coordenador-executivo do Centro de Contingência da Covid-19 de SP.