
Entre os dias 21 de abril e 04 de maio, cientistas brasileiros participarão de uma expedição à Garganta do Varghis, nos montes Cárpatos, na Romênia, para prospectar sítios arqueológicos e paleontológicos naquele vale junto a pesquisadores romenos.
A expedição será coordenada pelo bioantropólogo Walter Neves, o ‘pai’ de Luzia, pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA–USP) e composta por André Strauss (MAE-USP), Giancarlo Scardia (UNESP-Rio Claro), além de Clovis Monteiro (IEA-USP), editor-chefe da Hora do Povo. O lado romeno será representado por George Murtoreano e Marian Kosac, ambos da Universidade de Valahya e Stefan Vasile, da Universidade de Bucareste.
O projeto está sendo financiado pela FAPESP e pelo CNPq.
Walter Neves explica que o objetivo da expedição na Romênia “é procurar por restos esqueletais de hominínios do outro extremo do espectro de nossa linha linhagem evolutiva no planeta: aquela dos últimos neandertais e dos primeiros sapiens que chegaram nos Bálcãs por volta de 40 mil anos”.
“Em toda a Romênia, conhecem-se, apenas, três crânios antigos, datados entre 40 e 30 mil anos, todos de Homo sapiens. Ocorre que esses crânios mostram uma mistura de traços modernos como também de neandertais”, explica o cientista em nota à imprensa.
“Estudos de DNA fóssil mostraram que um desses crânios exibe uma contribuição de 6% de genética neandertal, sendo um dos maiores índices do planeta. Entretanto, até o momento, nunca foram encontrados esqueletos neandertais na região. Essa primeira viagem será utilizada para reuniões com o grupo local, a elaboração de um termo de colaboração, para visitas às mais de 100 cavernas da Garganta do Varghis, bem como pela busca de potenciais sítios ainda mais antigos do que aqueles encontrados nas cavernas. Escolhidos os sítios, as primeiras escavações e prospecções sistemáticas deverão ocorrer entre agosto e setembro deste ano, com um número maior de participantes, tanto brasileiros, como romenos”.
Walter Neves ressalta que “essa não é a primeira missão paleoantropológica brasileira no Velho Mundo”.
“Desde 2013, o Núcleo de Pesquisa e Divulgação em Evolução Humana do IEA-USP vem também realizando pesquisas dessa natureza na Jordânia, onde já encontrou artefatos de pedra lascada por hominínios que ali viveram por volta de 2.5 milhões de anos, testemunhando que a primeira saída da África pela nossa linhagem evolutiva se deu muito antes do que se pensava até então. Na Romênia, a ideia é procurar por restos esqueletais de hominínios do outro extremo do espectro de nossa linha linhagem evolutiva no planeta: aquela dos últimos neandertais e dos primeiros sapiens que chegaram nos Bálcãs por volta de 40 mil anos. Cruzemos os dedos! O Brasil merece ter uma paleoantropologia forte e competitiva”.