O Senado suspendeu, na noite da sexta-feira (1º/02), a sessão que definiria o novo presidente da Casa. A nova data para a eleição foi marcada para a manhã do sábado (2).
Em vários momentos, a situação quase foi encaminhada para as chamadas vias de fato. A suspensão da sessão foi proposta pelo senador Cid Gomes, (PDT-CE) para tentar pôr fim à divergência em torno de quem deveria conduzir a reunião. A proposta foi aprovada em votação simbólica (sem contagem de votos).
Davi Alcolumbre (DEM-AP), que é membro da Mesa da legislatura passada, baseado nisso, resolveu assumir a direção dos trabalhos. Vários senadores protestaram, pois Alcolumbre é candidato a presidente – inclusive apoiado pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. O regimento do Senado impede que um candidato presida a própria sessão que escolherá o presidente.
Outros senadores defenderam a suspensão da sessão, para que os parlamentares chegassem a um acordo sobre quem passaria a conduzir a sessão, proposta que acabou prevalecendo.
Outro ponto de forte embate entre os senadores foi sobre como seria a votação. Um grupo defendia que a votação fosse aberta, enquanto outra ala defendia votação secreta.
Alcolumbre, então, colocou a proposta em votação. Por 50 votos a 2 (1 abstenção; 28 não votaram), o plenário optou por votação aberta. Mas vários senadores argumentaram que Alcolumbre não tinha legitimidade para conduzir a votação.
Durante as semanas que antecederam a sessão, o candidato Renan Calheiros (MDB-AL) foi o mais enfático defensor da votação secreta – sobretudo após o ministro Marco Aurélio de Mello, do STF, ter concedido liminar a favor do voto aberto, decisão que foi cassada pelo presidente do Tribunal, ministro Dias Toffoli, no último dia nove (“embora a Constituição tenha sido silente sobre a publicidade da votação para formação da Mesa Diretora, o regimento interno do Senado Federal dispôs no sentido da eleição sob voto fechado”, disse Toffoli nessa decisão).
Na manhã de sábado (02/02), Toffoli, a pedido do MDB e do Solidariedade, invalidou a votação do dia anterior, conduzida por Alcolumbre, e decidiu que a sessão para eleger o presidente do Senado será conduzida pelo senador José Maranhão (MDB-PB), por ser o senador mais velho.
Na sexta, em um momento tenso da sessão, a senadora Kátia Abreu (PDT-TO) chegou a ocupar a Mesa Diretora e tomou das mãos de Alcolumbre a pasta na qual estavam os documentos referentes à sessão. Ela disse que, se ele podia conduzir a sessão, ela também poderia. Kátia Abreu pegou a pasta, se dirigiu às cadeiras do plenário e fez um discurso contra o senador. Depois, retornou à Mesa Diretora e sentou na cadeira ao lado da do presidente.
Renan Calheiros criticou o acordo sobre adiar a sessão e afirmou em entrevista que não pode haver acordo “contra a Constituição, a democracia, a liberdade de expressão”. Segundo ele, Davi Alcolumbre agiu como se pudesse “tudo”. “Se o Davi [Alcolumbre] pode fazer tudo isso, eu vou fazer a mesma coisa que o Juscelino [Kubitschek] fez em 64. Eu vou votar no Davi, porque ele pode tudo. Meus companheiros do MDB que me desculpem”, afirmou Renan.
Os candidatos inscritos são Alvaro Dias (Podemos-PR), Ângelo Coronel (PSD-BA), Fernando Collor (Pros-AL), Major Olímpio (PSL-SP), Reguffe (sem partido-DF), além de Renan Calheiros (MDB-AL) e David Alcolumbre (DEM-AP). Os senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Simone Tebet (MDB-MS) desistiram de disputar a eleição.