Em novo ataque, Bolsonaro corta mais 2,7 mil bolsas da Capes

No último dia 30 de maio, mais de um milhão de estudantes foram às ruas em repúdio aos cortes de Bolsonaro - Foto: CUCA da UNE

Dias depois de grandes manifestações em defesa da educação e da ciência, o governo realizou o corte de mais 2,7 mil bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (Capes).

O corte foi confirmado pela Capes, que é subordinada ao Ministério da Educação (MEC), dirigido por Abraham Weintraub. Segundo a coordenação, o bloqueio ocorre em função do contingenciamento de recursos da pasta.

Foto: Victor Santos/CUCA da UNE

O novo ataque ocorre no dia em que seis ex-ministros da educação brasileira lançaram manifesto em que criticam a política bolsonarista para a Educação que “pode ter efeitos irreversíveis e até fatais”.

Leia mais: Seis ex-ministros da Educação condenam os cortes de Bolsonaro

Serão cortadas cerca de 2.331 bolsas de mestrado, 335 de doutorado e 58 de pós-doutorado, ocorrendo uma redução total de 6.198 bolsas no ano de 2019. Esse novo bloqueio representa uma redução de R$ 4 milhões no orçamento da pasta em 2019 e, até 2020, deve representar R$ 35 milhões.

A Capes afirmou que serão suspensas as bolsas de cursos avaliados consecutivamente com nota 3 ou que tiveram redução de nota 4 para 3.

No mês de maio, a Capes já havia confirmado o corte de 3.500 bolsas. Mas, em um pequeno recuo, o governo reabriu 1,2 mil bolsas em cursos com conceitos 6 e 7.

RETROCESSO

Para o movimento Cientistas Engajados, medidas como essa jogam “o Brasil cada vez mais perto do precipício”.

“São 2,7 mil pesquisas que serão interrompidas no nosso país. Isso é um desastre! O que o governo precisa entender é que não existe saída para a crise que não passe pelo investimento em pesquisa. Quanto menos investimos nessa área, mais vamos gastar para comprar a tecnologia que está sendo desenvolvida em outros países”, apontou a professora Mariana Moura, do Grupo de Estudos sobre a Dialética da Dependência do Instituto de Energia e Ambiente da USP, cofundadora dos Cientistas Engajados.

A pesquisadora criticou ainda o argumento do governo, de que o corte gerará economia para o país. “O Brasil gasta 10 bilhões de dólares por ano apenas com o pagamento de royalties e licenças de uso de tecnologias importadas e quer economizar 4 milhões de reais com bolsas de pesquisa. Não é um contrassenso?”, indagou. 

Em nota, a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) também criticou a medida. “O novo corte da Capes afetará principalmente Norte e Nordeste, áreas com maior número de cursos 3 e 4, devido às maiores dificuldades financeiras. A medida agrava ainda mais a concentração da pesquisa no centro-sul e perpetua as desigualdades regionais do país”, apontou a entidade.

Foto: Lia Castanho/CUCA da UNE

PROGRAMA INTERNACIONAL

Além dos cortes nas bolsas nacionais, a Capes fará também remanejamentos nas bolsas do Programa Institucional de Internacionalização (Print). Das 5.913 bolsas previstas para 2019, serão ofertadas 4.139 bolsas.

Além disso, o programa, que teria quatro anos de duração, passa a ter cinco anos. As demais 1.774 bolsas que deixarão de ser ofertadas este ano, só serão ofertadas em 2023. O Print é um programa novo, criado em 2018. Ele começa a ser aplicado neste ano.

De acordo com a Capes, parte dos recursos do Print são repassados diretamente às instituições, esses recursos estão mantidos. O bloqueio ocorrerá nas bolsas. O Print oferece tanto bolsas para brasileiros estudarem no exterior quanto para estrangeiros estudarem no país.

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