
Empreendedorismo é a novidade nas relações do trabalho – ou na ausência de relações do trabalho
Podem ser os trabalhadores em aplicativos, o trabalho intermitente, certas modalidades de home office, o PJ, o microempresário individual ou o último da fila, que vive de bico. É um por um e todos por nenhum. Sem direito algum. No Brasil, passam de 40 milhões.
O que têm em comum é a falência da vida coletiva, do Estado, da indústria, da luta sindical. É a prevalência do salve-se quem puder. Tem quem chame de “nova morfologia do mundo do trabalho”, que de nova não tem nada. É a velha mais-valia absoluta, elevada à potência máxima, arrancando o couro de quem se submete a viver das sobras do capitalismo. São os excluídos. O chamado lupem-proletariado, terreno fértil do fascismo.
Justiça seja feita (desculpem o trocadilho), num cenário de arrocho salarial, desemprego e revogação de direitos, o capitalismo dependente encontrou uma forma de abiscoitar, à vista, a energia vital dos que só possuem a força de trabalho para ganhar o pão de cada dia.
Enfim, um capitalismo dependente, pós-moderno, onde a concorrência virou uma lenda e a superexploração uma realidade. Faz de tudo para esconder seu aspecto medonho, como se fosse possível esconder o sol com a peneira.
CARLOS PEREIRA