
Nesta quarta-feira, 31, a Juventude Pátria Livre reunida em Nazaré Paulista, no interior de São Paulo, para o encontro nacional definiu a defesa da reconstrução nacional como pilar da luta da juventude brasileira para o próximo período.
Em resolução aprovada pelas mais de 250 lideranças de 10 estados brasileiros, a JPL aponta que a eleição de Lula como uma vitória do povo que só foi possível pela construção de uma frente ampla que reuniu todos os setores interessados no combate ao fascismo. “A frente ampla foi essencial para vencer as eleições, isto é, para defender a democracia”.
“Os bolsonaristas não aceitaram o resultado das eleições, tentaram dar um golpe no dia 08 de janeiro, mas nossa unidade venceu. Conquistamos o poder. Agora, precisamos dar a resposta para a população. O primeiro ano de governo teve o retorno de importantes políticas públicas relevantes, que Bolsonaro havia desmontado. Mas para concretizar a reconstrução do país e implementar o projeto de desenvolvimento nacional de que o Brasil necessita, é preciso reduzir os juros, aumentar qualitativamente os investimentos públicos e basear a economia em uma indústria nacional forte, que propicie uma maior geração de emprego e renda, o que não será possível no âmbito do arcabouço fiscal e da irrealística e submissa meta de déficit zero”, destacou a JPL.
A organização relembra que mesmo no governo Lula foram repassados “mais de R$ 700 bilhões em juros, durante 2023, para bancos e fundos de investimentos”.
“Isso equivale a mais de 5 vezes o valor destinado ao Bolsa Família. Apenas em novembro, a dívida pública aumentou R$ 153 bilhões, ao mesmo tempo que pagamos R$ 61,9 bilhões. A taxa básica de juros do Brasil, descontada a inflação, é a maior do mundo, mesmo depois dos movimentos sociais, Lula, os empresários nacionais e os principais economistas de diversos pensamentos ideológicos exigirem a diminuição da taxa de juros. Precisamos aumentar cada vez mais a pressão pela redução dos juros, para estancar esta sangria, que é o repasse do nosso dinheiro aos rentistas”, destaca.
“Os juros altos prejudicam muito a indústria brasileira. A Formação Bruta de Capital Fixo, isto é, o gasto com máquinas, equipamentos e instalações, que é o indicador do investimento público e privado, teve recuo de – 6,8% em relação ao ano anterior de Bolsonaro/Guedes, o que demonstra que nossa capacidade produtiva diminuiu. Segundo o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento da Indústria (Iedi), houve uma piora no desempenho de complexos industriais de alta intensidade tecnológica, como eletrônicos e de saúde. A situação da indústria é alarmante, a reindustrialização é fundamental para a reconstrução e o desenvolvimento nacional”, destacou a JPL que relembrou os dados do Dieese para o salário mínimo, que deveria ser de R$ 6.439,62, para uma família de 4 pessoas (com uma trabalhando) ter acesso ao básico no Brasil.
“O salário mínimo de 2024 será de R$ 1.412, e embora os aumentos tenham sido acima da inflação no governo Lula, ainda está muito aquém das nossas necessidades. A cesta básica em São Paulo, por exemplo, está R$ 749,28. O desemprego teve queda, mas ao mesmo tempo aumentou o trabalho “informal”. São 39,4 milhões de brasileiros sem carteira de trabalho e sem seus direitos. Em novembro, 76,6% das famílias estavam endividadas. Estes dados todos demonstram as dificuldades e a luta diária pela sobrevivência da nossa população”, frisou a organização.
O documento da JPL faz importantes apontamentos sobre a política econômica do governo Lula e destaca que “para cumprir as promessas de campanha, o presidente deverá rever a política econômica proposta para 2024. Nosso compromisso é com o povo e não com os bancos”.
“O PIB do Brasil em 2023 deve ter um crescimento menor do que em 2022. Depois do crescimento no primeiro trimestre, puxado pela supersafra de soja e milho, vem desacelerando o crescimento. A PEC da transição foi articulada ainda no governo Bolsonaro e permitiu avanços importantes, mas o arcabouço fiscal veio na contramão da proposta que ganhou as eleições. Hoje há miséria, fome e desemprego acontecendo no governo Lula e as políticas de “austeridade” de Haddad foram chanceladas por Lula, elogiadas pela imprensa e pelo mercado financeiro”, aponta a organização.

RECONSTRUÇÃO DA EDUCAÇÃO
Quanto à Educação, a Juventude Pátria Livre denunciou os retrocessos do governo Bolsonaro e cobrou do atual governo uma atenção especial para os investimentos e a política educacional brasileira.
“Ao mesmo tempo que forramos os bolsos dos banqueiros, a educação carece de investimentos. Bolsonaro foi inimigo da educação, nossa resistência reduziu danos, mas o desmonte foi grande. Foram cerca de R$ 113 bilhões de cortes durante os 4 últimos anos. O momento precisa ser de retomada de investimentos na educação, de reconstrução da universidade pública. Entretanto, o orçamento para as universidades federais em 2024 é menor que em 2023, que havia retomado os valores de 2019. E esta realidade se confronta diretamente com as necessidades da indústria nacional, que não existirá também sem a ciência, tecnologia e a inovação, pilares do desenvolvimento que são realizados dentro das universidades. Precisamos seguir defendendo a manutenção e mais investimento da universidade pública à altura das tarefas que a educação deve cumprir para a reconstrução do Brasil. Para garantir que o ensino superior esteja realmente a serviço do povo brasileiro, não podemos permitir que a educação seja mercadoria nas mãos do mercado financeiro. O lucro não está acima do desenvolvimento, regulamentação do ensino superior privado, já!”, destacou a JPL.
Para a organização, a educação básica é uma ferramenta fundamental para fazer o país avançar, “mas continua sofrendo com sucateamento constante”. “É preciso aumentar a participação da União no ensino básico e técnico, com Institutos Federais espalhados por todos os cantos, com escolas em tempo integral para todos e políticas para valorizar o professor em cada unidade de ensino desse país. Precisamos reiniciar a discussão sobre a necessidade de se federalizar a educação básica brasileira, criando um ensino público conectado e com muito mais investimento, voltado para um projeto de nação, onde a juventude possa pensar o país e transformá-lo”, aponta a JPL
Este caminho que tanto almejamos, planejamos e seguimos construindo requer humanidade, coletividade, empatia, amor ao povo, requer uma nação certa de si, que saiba de onde veio, o que quer e para onde vai. Um cenário que só será alcançado com a nossa identidade cada vez mais forte. O futuro é brasileiro e não se aceita racismo, machismo, homofobia e segregação. A valorização da cultura nacional é um dos eixos fundamentais da nossa luta.
“Nosso papel é organizar a juventude brasileira em defesa da reconstrução nacional, nas ruas, escolas e universidades. O governo Lula precisa dar certo, precisamos melhorar as condições de vida do povo. Assim, sairemos deste encontro com a motivação das conquistas passadas, o aprendizado dos nossos debates, e sempre com a garra, coragem e determinação que estão no DNA desta Juventude”, defende a JPL.

SERGIO RUBENS, PATRONO DA JPL
No dia 5 de dezembro de 2021, o povo brasileiro perdeu a presença física de Sergio Rubens de Araújo Torres, e a JPL o homenageou durante o encontro nacional.
“Grande referência política e teórica, marxista de sólida formação e completamente apaixonado pelo Brasil, Serjão (como muitos de nós o chamávamos) foi muito mais do que isso para a JPL e sua militância, foi o seu principal construtor”, lembrou a organização.
A ditadura impôs a Sérgio e sua geração, ainda muito jovem, uma difícil alternativa: se submeter a agenda de destruição nacional autoritariamente aplicada; ou resistir a ela, se necessário dando a própria vida para defender seu país. “Mesmo bastante novo ele escolheu resistir. Nos momentos mais arriscados corajosamente se dedicou a essa batalha pela liberdade de seu povo”, destacou.
Em 1985, após a derrota da ditadura e durante a abertura democrática, ele se empenhou cotidianamente pela construção de um instrumento capaz de organizar os jovens dispostos a construir um país mais justo e desenvolvido. “Essa organização foi a Juventude Revolucionária 8 de Outubro, da qual a JPL é herdeira de seus ideais e história. Com seu acompanhamento e direção, a J amadureceu uma constante busca pela verdade enquanto método de organização. Aprendemos que apenas coletivamente a vida e a luta possuem sentido”.
“O amor ao Brasil, ao povo e a cultura são legados que ele nos trouxe. Assim como a mais profunda dedicação ao estudo para entender a realidade, sempre com a coragem para realizar as mais complicadas tarefas que a luta revolucionária exige”, afirmou a JPL
“Hoje, dia 31 de janeiro de 2024, centenas de jovens de vários cantos do país se reunem para discutir a construção de um Brasil melhor e mais justo. É impossível ver isso e não lembrar de você, ao mesmo tempo tão longe e tão perto. Se sua ausência ainda nos dói muito, também temos a certeza de que para sempre seu exemplo se manterá vivo na ação dos militantes da JPL.
“Contigo também aprendemos que homenagens apenas com palavras para nada servem, por isso acreditamos que a melhor forma de fazer justiça a essa história é reafirmando nosso compromisso com a luta por uma PÁTRIA LIVRE, soberana e justa. Por isso, hoje escolhemos Sérgio Rubens como patrono da JPL, fazendo companhia a seus grande amigos Stuart Angel e Antonio Alves”, finalizou a Juventude Pátria Livre.
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