Os partidos PSDB, PDT, PSB, PCdoB, Cidadania, PSol, PV, Solidariedade e Rede, além de entidades sindicais e movimentos estudantis, também confirmaram participação no ato na Avenida Paulista, no próximo domingo
Após os atos do dia 7 de Setembro, entidades e partidos políticos intensificam convocatória para as manifestações do próximo domingo, dia 12. Convocadas pelo Movimento Brasil Livre (MBL) e pelo Vem pra Rua!, as manifestações têm ganhado cada vez mais pluralidade e já contam com a adesão do movimento social, partidos da esquerda, centro e partidos de direita, com o objetivo de ampliar ainda mais o movimento pelo impeachment de Bolsonaro.
“Convocamos todos os partidos, lideranças civis e agremiações, desde que respeitem a necessidade de deixarem suas pautas particulares e suas preferências eleitorais fora do ato para nos unirmos pelo impeachment de um presidente golpista e autoritário que ameaça os próprios fundamentos da democracia nacional”, afirma nota do MBL (ver íntegra no final da matéria).
O coordenador do movimento, Renan Santos, afirmou pelas redes sociais que “o ato do dia 12 é apenas e tão somente pelo impeachment e pela defesa da democracia”, e que “todo mundo é bem-vindo”.
O protesto já conta com a adesão do PSDB, PDT, PSB, PCdoB, Cidadania, PSol, PV, Solidariedade e Rede. Entidades sindicais e movimentos estudantis também confirmaram participação no ato.
“Decidimos apoiar toda e qualquer manifestação pelo impeachment, a começar por essa de domingo, independente de quem a convoque”, disse, em entrevista ao Valor, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi.
O presidenciável Ciro Gomes, vice-presidente da sigla, confirmou presença no ato, nesta quinta-feira. “Irei à manifestação do dia 12 na Avenida Paulista e sempre tentarei ir a outras manifestações que forem convocadas contra Bolsonaro. Seja qual for o sacrifício e risco que isso represente, há algo maior que tudo: o futuro do Brasil e da nossa democracia”.
O presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, afirmou que “é o que o Brasil espera de suas oposições: unidas e nas ruas não apenas no 12 de setembro, mas em todas as manifestações convocadas contra esse desgoverno incompetente, criminoso e corrupto. O impeachment é a palavra de ordem que nos une. É para isso estamos deixando momentaneamente de lado nossas diferenças. Elogio a abertura de MBL, Livres, Vem Pra Rua e Acredito nesse sentido”, declarou.
Freire destacou que está conversando com todos os partidos de centro e centro-direita para a adesão aos protestos.
“Além de PSDB, DEM, MDB e PSD, cujo presidente Gilberto Kassab também vê cenário preocupante para a democracia. Pela história e pelos valores desses partidos, o lugar deles é na rua, com todas as forças políticas, para preservar direitos e garantias fundamentais, pressionando Arthur Lira a ouvir mais de 75% dos brasileiros e abrir o processo de impeachment. Essa é a nossa tarefa primordial. A eleição de 2022, a gente vê depois. Temos primeiro de garantir sua realização”, argumentou.
O presidente do diretório municipal do Cidadania de São Paulo, Carlos Eduardo, declarou ao HP que o partido está convocando todos os paulistanos para o ato do dia 12 contra o governo Bolsonaro. “Estaremos lá, junto com todo o bloco democrático, nos manifestando contra esse governo que afronta o STF e ameaça a democracia”. “A própria direção do ato, concentrando no Fora Bolsonaro, ajudou a ampliar ainda mais a convocação e a participação de todos que são contra Bolsonaro”, acrescentou Carlos Eduardo.
A presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos, vice-governadora de Pernambuco, diz que não resta dúvida sobre a situação insustentável de Bolsonaro.
“Todo mundo viu o presidente cometer crime de responsabilidade ao se insurgir contra o STF. É hora de fortalecer o ‘Fora Bolsonaro’ e pressionar pela análise do pedido de impeachment”, disse Luciana.
O governador do estado de São Paulo, João Dória (PSDB), afirmou que “como cidadão, como brasileiro, defendo e apoio todos que se manifestarão, seja em São Paulo ou seja em qualquer cidade do país, no próximo dia 12, a favor da democracia, da liberdade, da Constituição e, principalmente, da maioria expressiva dos brasileiros”.
No Dia da Independência, Doria enfatizou que “independência só é plena quando há respeito às Leis, à Constituição e à Democracia. #ForaBolsonaro”.
“O PSDB estará nas manifestações do dia 12. Não só o PSDB municipal, mas o diretório estadual também fechou questão. E agora PSDB nacional declarou oposição ao Bolsonaro e se une à frente ampla e democrática junto a vários partidos que se somam a essa manifestação do dia 12”, afirmou Fernando Alfredo, presidente do PSDB municipal de São Paulo, que também confirmou presença no protesto.
Assim como as centrais sindicais Força Sindical, UGT, CTB, CSB e NCST. Apenas a Cut não participará do ato. “A pauta é o Fora Bolsonaro. Temos que unificar essa luta para sair dessa crise”, afirma Miguel Torres, presidente da Força Sindical.
Estudantes da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES) também irão à manifestação. “No próximo dia 12 às 14h na Avenida Paulista, os verdadeiros patriotas irão às ruas em uma grande frente ampla contra o governo corrupto, antidemocrático e fascista de Bolsonaro”, convoca a entidade.
Renato Sella, coordenador do Vem Pra Rua, afirmou ao “Antagonista” que o movimento decidiu encampar a pauta do impeachment para ampliar o alcance das manifestações do domingo 12.
“Estamos defendendo a união do Brasil que quer a democracia, que quer estabilidade. Nossa chamada, sim, está com reforço na frase ‘Fora, Bolsonaro’”, disse Renato.
A deputada estadual Isa Penna (PSOL-SP) também confirmou presença por suas redes sociais e destacou que “é hora de se unir nas ruas contra Bolsonaro! No dia 12 de setembro estão programados atos Fora Bolsonaro em todo o país. Eu vou. E nós, da esquerda, precisamos estar presentes.”
Isa Penna lembrou que estarão no ato grupos que romperam com Bolsonaro e pessoas que não estão em grupo algum. “Afinal, o Brasil sabe que o que está em jogo vai muito além”, reforçou a deputada.
O ato, convocado desde julho, acontecerá num momento importante da conjuntura em que Bolsonaro e seus aliados se isolam cada vez mais após a declaração do presidente nos atos de São Paulo e do Distrito Federal, no dia da Independência, em que fez ameaça aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e à ordem democrática.
Confira abaixo a nota de convocação para o ato divulgada pelo Movimento Brasil Livre (MBL):
O Movimento Brasil Livre vem, por meio desta nota, esclarecer alguns pontos fundamentais relativos aos atos deste domingo.
Em primeiro lugar, foi com grande preocupação que assistimos às manifestações do dia 07 de setembro. O que vimos não pode ser minorado pelas lideranças do nosso país. Sejamos claros: a pauta central que unificou os protestos foi a incitação à ruptura institucional, em português claro: GOLPE. Essa foi a bandeira e a pauta central dos atos, e o que se viu em faixas, cartazes e falas públicas, culminando no discurso do próprio chefe do Executivo.
Bolsonaro foi explícito em suas intenções: não sairá do poder exceto “morto ou preso”, e descumprirá as determinações judiciais do STF. Isso é gravíssimo e soma mais motivos ao pedido de impeachment já colocado à apreciação da Câmara dos Deputados. Neste sentido, esses fatos exigem uma resposta sólida das ruas e das instituições e só surtirá efeito com a participação vigorosa da sociedade.
Cumpre lembrar: o pacto que erigiu os fundamentos da Nova República foi construído pelas manifestações das Diretas Já, nas quais os mais variados segmentos sociais, deixando de lado suas divergências ideológicas, se uniram em prol de uma construção política democrática.
Esse é o espírito do dia 12/09. E é essa também a razão pela qual a manifestação terá como cor oficial o branco, simbolizando a democracia e a paz. Convocamos todos os partidos, lideranças civis e agremiações, desde que respeitem a necessidade de deixarem suas pautas particulares e suas preferências eleitorais fora do ato para nos unirmos pelo impeachment de um presidente golpista e autoritário que ameaça os próprios fundamentos da democracia nacional.
A urgência é absoluta. Todos os cidadãos brasileiros, que estejam vendo a tragédia dos 580 mil mortos na pandemia, o desemprego, a crise hídrica e, acima de tudo, as reiteradas tentativas de golpe por parte de Bolsonaro, precisam se juntar às manifestações do dia 12/09. Não há afinal, nada mais importante do que defender a nossa própria liberdade daqueles que nos querem tirá-la.
12 de Setembro é Fora Bolsonaro.