“Consulta popular de domingo rechaçou a tentativa de render o país à escravidão moderna do neoliberalismo, ratificou a soberania nacional e deixou claro que Noboa mente”, afirmou Marcela Arellano, presidente da Confederação das Organizações Sindicais Livres do Equador (Ceosl)
“A Consulta Popular realizada no Equador neste domingo (21) demonstrou uma vitória esmagadora do ‘Não’ contra a agenda neoliberal. Foram mais de 65% dos votos contra a arbitragem internacional, apontada como traição à Pátria, e quase 70% dos votos contra a jornada de trabalho por horas e a flexibilização. Vencemos!”, comemorou a presidente da Confederação das Organizações Sindicais Livres (Ceosl) do Equador e dirigente da Federação Unitária dos Trabalhadores (FUT), Marcela Arellano.
Em entrevista ao HP, Marcela lembrou que, por meio da consulta, o governo de Daniel Noboa – eleito em outubro de 2023 para um mandato-tampão que dura somente até fevereiro de 2025 – buscou promover a sua campanha de reeleição, contando para isso com a cumplicidade dos meios de comunicação. “Por outro lado, conseguimos unidade da parte dos movimentos social e sindical que, a partir de Quito, com mais de 40 organizações, somaram mulheres, ecologistas, advogados trabalhistas e defensores de direitos humanos numa grande campanha informativa contra a agenda neoliberal”, apontou a dirigente.
Para o êxito desta jornada de “mobilização e conscientização”, a sindicalista citou a utilização de vídeos curtos, “de 30 a 40 segundos nas redes sociais”, que fez ruir a propaganda governista em prol do grande capital e dos conglomerados estrangeiros.
“Ficou claro que Noboa mentiu e mente ao oferecer que pagaria US$ 2,80 a hora, depois US$ 3,880, US$ 5, US$ 7 e até US$ 13, sempre para captar votos. Os equatorianos viram que a mentira é um risco”, assinalou Marcela.
Na sua avaliação, “o pronunciamento massivo dos equatorianos foi favorável ao emprego digno, com estabilidade e seguridade social, fazendo com que o voto obrigue o governo e o Ministério do Trabalho a formularem políticas públicas que fortaleçam o aparelho produtivo e garantam melhores condições de trabalho”.
Em relação à arbitragem internacional, Marcela sublinhou que “é traição porque compromete o país a pagar indenizações a empresas transnacionais depredadoras do meio ambiente”. “A Consulta Popular ratificou a soberania nacional”, reiterou.
Como faz questão de ressaltar a líder, ceder à arbitragem internacional seria “colocar o laço no pescoço para nos submetermos a cenários controlados pelas transnacionais e seus lobistas”. “Se esta questão fosse aprovada, no caso Chevron Texaco [em que a transnacional contaminou rios e aquíferos durante décadas, extraindo petróleo do subsolo da selva amazônica] seríamos nós quem teríamos que pagar indenizações à empresa”, acrescentou.
Nas nove questões relativas à segurança, em que o Sim foi vitorioso, Marcela acredita que são perguntas que nem deveriam ter sido alvo da consulta, mas reformas pontuais a serem debatidas pela Assembleia Nacional. “O resultado pelo Sim expressa o sentimento da população que, diante de um Estado tomado pelas máfias e pelo crime organizado, exige uma luta mais efetiva pela segurança pública e respalda uma atuação mais firme e eficaz da Polícia e das Forças Armadas”, concluiu.
LEONARDO WEXELL SEVERO