Milhares de estivadores da costa leste e da costa do golfo dos Estados Unidos optaram, nesta terça-feira, por iniciar uma greve que deve paralisar o fluxo de metade do transporte marítimo do país. É a maior greve de estivadores em 50 anos e começou depois de negociação frustrada de salários em um novo contrato trabalhista.
O bloqueio pode custar ao empresariado americano bilhões de dólares por dia de greve, vai atingir portos dos Estados do Maine ao Texas e irá impedir a entrada de vários produtos no país. Enquanto ambas as partes não chegarem a um acordo, a paralisação poderá se estender e provocar danos na economia e piorar a inflação, segundo especialistas.
“Estamos preparados para lutar o tempo que for necessário, para ficar em greve por qualquer período de tempo que for necessário, para obter os salários e proteções contra a automação que nossos membros da ILA merecem,” disse Harold Daggett, líder sindical da Associação Internacional de Estivadores (International Longshoremen’s Association – ILA).
A ILA representa mais de 45 mil trabalhadores de portos e está negociando com a Aliança Marítima dos Estados Unidos (United States Maritime Alliance – USMX) por um novo contrato. Outra reivindicação dos estivadores, além de aumento de salários é a criação de proteções contra formatos de automação nos serviços portuários que ameaçam empregos.
“Nossa oferta atual de um aumento salarial de quase 50% excede todos os outros acordos sindicais recentes, ao mesmo tempo em que aborda a inflação e reconhece o trabalho árduo da ILA para manter a economia global funcionando”, respondeu a USMX.
Apesar da “justificativa” dos empresários do setor, até a Casa Branca teve de reconhecer, através da assessora de Comunicação, Karine Jean-Pierrem que “os ganhos do setor chegam a 800% desde a pandemia” e, às vésperas das eleições, Washington se recusa a tomar medidas punitivas contra os portuários.
“As partes precisam voltar à mesa de negociações”, disse a Secretária do Trabalho interina Julie Su.