Os prefeitos de pequenas cidades estão repudiando o plano de Paulo Guedes e Bolsonaro de extinguir 1.253 municípios.
O plano de extinção em massa de pequenos municípios foi anunciado durante “celebração” dos 300 dias de governo Bolsonaro, na última terça-feira (5).
Alaor Machado, que é prefeito da menor cidade do país, Serra da Saudade (MG), onde Bolsonaro recebeu 72,6% dos votos, disse estar se “sentindo traído, assim como os eleitores que votaram no presidente Jair Bolsonaro”.
“Apoiei o presidente e agora estou me sentindo decepcionado com essa situação. Isso não estava no programa de governo do Bolsonaro, nos debates que ele participou não tinha nada disso, não foi falado isso, então estou me sentindo traído”, disse.
“A folha de pagamento, como vai ficar? No nosso caso, iríamos para Dores do Indaiá, mas a folha não fecha. E os servidores, como vão ficar? São os questionamentos que a gente faz e lamenta”, acrescentou.
O prefeito de Aparecida do Rio Negro (TO), que seria incorporada por Tocantínia, Deusimar Pereira Amorim (PSD), afirmou que “tá todo mundo contra”. “Ninguém quer isso, não. Quem vai apoiar uma coisa dessa? Aparecida do Rio Negro é um município há mais de 30 anos”.
“Essa PEC [Proposta de Emenda à Constituição] não passa. Nenhum deputado ou senador vai aprovar”, avaliou.
Deusimar também vê problemas em cidades que são muito distantes, mas teriam que ser uma só. “Como vai ser para a população de Novo Acordo, de 4.342 habitantes, e de Mateiros, com 2.684 habitantes, vizinhas, mas separadas por 227 quilômetros? A pessoa vai cruzar tudo isso para ir à Prefeitura?”, questionou.
Lahesio Rodrigues (PSL), prefeito de São Pedro dos Crentes (MA), de 4.668 habitantes, acredita que “não vai acontecer”. “É a mesma coisa de uma família entregar os filhos para os vizinhos, e eles ainda mudarem de nome”.
“O povo é contra, claro. Ele se acostumou a ter autonomia, não vai deixar passar uma coisa dessas. Viraríamos cidadãos de segunda classe”, declarou.
Sérgio Carlos Moretti (PTB), prefeito de André da Rocha (RS), que tem 1.333 habitantes, afirmou que a medida vai no contrário do que se espera. O município foi criado há 31 anos “exatamente para melhorar o atendimento ao cidadão e ampliar serviços públicos”.
“Essa proposta iria inviabilizar, caso fosse aprovada, todos os serviços básicos do município”, avalia Moretti.
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