
Manipularam a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) sobre uma suposta bomba atômica Iraniana, da mesma forma que fizeram com o ridículo vidrinho na ONU alegando ser arma mortal de Saddam Hussein
O ataque não provocado, perpetrado pela ditadura israelense à República do Irã na última sexta-feira (13), seguiu o mesmo script da farsa das “armas de destruição em massa” do Iraque, inventada pelo Pentágono e aplaudida por Netanyahu, no início deste século. Assim como a “guerra” para destituir Saddam Hussein e se apoderar do petróleo de seu país se utilizou da mentira do ataque preventivo, agora também se usou a mesma narrativa falsa para agredir o Irã.
Refrescando a memória. Em 5 de fevereiro de 2003, enquanto os Estados Unidos se preparavam para invadir o Iraque, o secretário de Estado Colin Powell fez uma apresentação bombástica ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, alegando que Saddam Hussein estava desenvolvendo armas de destruição em massa (ADM). A arma biológica “antraz” poderia ser usada contra os vizinhos do Iraque ou os EUA por veículos aéreos não tripulados, afirmou Powell, segurando dramaticamente um pequeno frasco de vidro como prova.
MANIPULAÇÃO DA AIEA
Para a mentira atual, o governo dos Estados Unidos e de Israel manipularam cinicamente a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para que o órgão fabricasse um relatório afirmando que o Irã estaria prestes a fabricar uma bomba atômica. O professor Jeffrey Sachs da Columbia University (NYC) desmentiu categoricamente o relatório fabricado. “Tal alegação é infundada, uma vez que o Irã tem repetidamente proposto negociações justamente para eliminar a opção nuclear em troca do fim das sanções impostas pelos EUA há décadas”, diz ele.
“Desde 1992, Netanyahu e seus apoiadores têm afirmado que o Irã se tornaria uma potência nuclear “em poucos anos”. Em 1995, autoridades israelenses e seus aliados nos EUA apontavam um prazo de cinco anos. Em 2003, o Diretor de Inteligência Militar de Israel disse que o Irã teria a bomba nuclear “até o verão de 2004”. Em 2005, o chefe do Mossad disse que o Irã poderia construir a bomba em menos de três anos. Em 2012, Netanyahu afirmou na ONU que “faltavam apenas alguns meses, possivelmente semanas, para que eles tivessem urânio enriquecido suficiente para a primeira bomba”. E assim por diante”, denunciou Jeffrey Sachs.
NETANYAHU SEGUE ELIMINANDO PALESTINOS
Israel, portanto, mente descaradamente. É de se registrar também que o regime criminoso de Netanyahu se aproveita do fato de que as atenções do mundo estão voltadas para a sua provocação no Irã para seguir cometendo assassinatos em massa da população palestina. As populações famintas estão sendo fuziladas pela Gestapo israelense quando estão nas filas de comida nos alojamentos para onde foram deslocadas após os bombardeios israelenses. Gaza se transformou no maior campo de concentração do mundo. Eles estão cercados, sob bombas e sem comida e água. Um verdadeiro genocídio.
Apesar do comportamento aparentemente desconexo de Donald Trump, o governo dos EUA apoiou efetivamente os ataques israelenses, fornecendo inteligência e planejamento para Netanyahu. O jornalista investigativo Ben Norton denunciou a farsa de Donald Trump. “Cinicamente, ele usou as negociações nucleares com Teerã como cobertura, enquanto supervisionava a operação conjunta EUA-Israel”, denunciou o jornalista. Ele lembrou que “poucas horas depois de Israel atacar o Irã, Trump disse ao New York Post que havia aprovado o ataque de antemão”.
TRUMP: EU SEI TUDO
“Eu sempre soube a data”, disse Trump. “Porque eu sei tudo. Eu dei [ao Irã] 60 dias e eles não cumpriram. Hoje é dia 61”, acrescentou, referindo-se ao dia 13 de junho. Trump repetiu esses comentários em entrevista à Reuters: “Sabíamos de tudo”, afirmou, revelando que o governo dos EUA estava em constante comunicação com Israel. “Acho que tem sido excelente”, afirmou Trump sobre o ataque israelense ao Irã, em entrevista à ABC News.
“Enquanto as autoridades dos EUA se reuniam com seus colegas iranianos para discutir um novo acordo nuclear (depois que Trump rasgou unilateralmente o anterior), Washington e Tel Aviv planejavam secretamente a operação. Trump deu pessoalmente ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, luz verde para lançar os ataques”, prosseguiu Ben Norton, em seu artigo no site Geopolitical Economy Repor.
Trump age, aparentemente, com um tonto, mentindo e desmentindo seu apoio ao criminoso ataque de Israel à população do Irã, porque internamente a coisa não está nada boa para ele. No último domingo (15), numa reação que há muito tempo não se via nos EUA, cerca de 5 milhões de americanos foram às ruas em todo o país para protestar contra os desmandos e a arrogância de Trump.
Outro abacaxi que Trump está tendo que descascar é que sua base de seguidores do MAGA (Make America Great Again, ou «Tornar a América Grande Novamente») já está profundamente fragmentada e não quer a participação na agressão ao Irã. Os não sionistas que apoiam o MAGA são a esmagadora maioria nas bases do governo e estão contra o apoio de Trump a Israel.
AMERICANOS ENFURECIDOS
Depois das surras tomadas no Vietnã e, mais recentemente, no Afeganistão, a população americana não quer nem ouvir falar em participação de seu país em uma nova guerra, ainda mais numa guerra em apoio a um genocida inescrupuloso como Benjamin Netanyahu. De nada está adiantando toda a repressão das milícias de Trump contra os protestos em defesa da população palestina. Pelo contrário, o que o governo tem conseguindo é enfurecer ainda mais a população contra seus desmandos.
O repúdio aos crimes hediondos do ditador israelense contra a população palestina não é só da população americana, principalmente de sua juventude, que não para de protestar, mas hoje ele se espalha pelo mundo todo.
Também no último domingo (15) ocorreu uma grande manifestação de protesto, a Marcha Mundial em Defesa da Palestina, contra o genocídio de Netanyahu em Gaza. Milhões de pessoas saíram às ruas em repúdio ao morticínio perpetrado pelo regime israelense à população palestina de Gaza. Os americanos não estão nada satisfeitos com a cumplicidade de Trump aos crimes do nazisionismo israelense.
SÉRGIO CRUZ