Como é possível que em pleno 2022 “o continente europeu enfrente um inverno como algo saído da idade das trevas?”, questiona Ron Paul, após apontar que sanções são “ato de guerra”
O ex-deputado norte-americano e várias vezes pré-candidato a presidente do país, Ron Paul – aliás, pai do atual senador republicano Rand Paul -, afirmou, em artigo divulgado pela fundação que leva seu nome, que “os europeus cometem suicídio por sanções”.
Como destaca Ron Paul, “embora há muito promovidas – muitas vezes por aqueles que se opõem à guerra – como uma alternativa menos destrutiva à guerra, as sanções são, na realidade, atos de guerra”.
E – acrescenta -, como sabemos, com o intervencionismo e a guerra, o resultado muitas vezes são consequências não intencionais e até contra-ataques.
“Ao tentar punir a Rússia cortando as importações de gás e petróleo, os políticos da União Européia esqueceram que a Europa é completamente dependente do suprimento de energia russo e que os únicos que sofrerão se essas importações forem encerradas serão os próprios europeus”, sublinha o veterano dirigente.
No artigo, o ex-congressista Paul relata um exemplo dos absurdos a que se está chegando na Europa nos esforços para submeter a Rússia às vontades de Washington e socorrer o regime de Kiev.
“Um outdoor suíço está circulando nas redes sociais mostrando uma jovem ao telefone. A legenda diz: ‘O vizinho aquece o apartamento a mais de 19 graus? Por favor, informe-nos.’ Embora o governo suíço tenha descartado o pôster como falso, as penalidades que os cidadãos suíços enfrentam por ousar aquecer suas casas são muito reais. De acordo com o jornal suíço Blick, aqueles que violarem o limite de aquecimento de 19 graus podem enfrentar até três anos de prisão!”
“Tempo de prisão para aquecer a sua casa? No mundo “livre”? Como é possível em 2022, quando a Suíça e o resto do ocidente político alcançaram o maior sucesso econômico da história, que o continente europeu enfrente um inverno como algo saído da idade das trevas?”, questiona o ex-senador.
“As sanções europeias contra a Rússia por sua invasão da Ucrânia no início deste ano provavelmente entrarão para a história como um excelente exemplo de como as sanções podem resultar em consequências não intencionais”, assinalou.
Os russos – ele acrescenta – simplesmente se voltaram “para o sul e o leste e encontraram muitos novos compradores na China, na Índia e em outros lugares”. De fato, a estatal russa de energia Gazprom informou que seus lucros “aumentaram 100% no primeiro semestre deste ano”.
A Rússia está ficando rica enquanto os europeus enfrentam um inverno gelado e um colapso econômico, constata Ron Paul. “Tudo por causa da falsa crença de que as sanções são uma maneira gratuita de forçar outros países a fazer o que você quer que eles façam”.
“O que acontece quando as pessoas vêem políticas governamentais idiotas fazendo as contas de energia dispararem à medida que a economia para? Eles ficam desesperados e vão às ruas em protesto”, ele adverte.
Isso já está acontecendo: no fim de semana, milhares de austríacos foram às ruas em um “Comício da Liberdade” para exigir o fim das sanções e a abertura do Nord Stream II, o gasoduto prestes a ser inaugurado no início deste ano.
Na semana passada, cerca de 100.000 tchecos foram às ruas de Praga para protestar contra a política da OTAN e da UE. Na França, os ‘coletes amarelos’ estão de volta às ruas protestando contra a destruição de sua economia em nome de ‘derrotar’ a Rússia na Ucrânia. Na Alemanha, Sérvia e em outros lugares, os protestos estão em preparação.
Até o Washington Post foi forçado a admitir que as sanções contra a Rússia “não estão surtindo o efeito pretendido”. Em um artigo de ontem – destaca Ron Paul -, o jornal teme que as sanções estejam infligindo “danos colaterais na Rússia e além, potencialmente prejudicando os próprios países que as impõem. Alguns até temiam que as sanções destinadas a deter e enfraquecer Putin pudessem acabar por encorajá-lo e fortalecê-lo.” “Isso tudo é previsível. Sanções matam. Às vezes eles matam inocentes no país alvo de destruição e às vezes matam inocentes no país que os impõe. A solução, como sempre, é a não intervenção. Sem sanções, sem ‘revoluções coloridas’, sem intromissão. É realmente tão simples”, conclui o ex-deputado.