Empresas farmacêuticas norte-americanas usaram como cobaias, pacientes do hospital de reumatologia de Mariupol, cidade que foi palco de uma das maiores batalhas pela libertação do regime nazista de Kiev.
Quando a cidade esteve ocupada pelas forças de Kiev, as empresas Pfizer Abott, Novartis, IQVIA, com sede nos Estados Unidos, contando com a assistência de funcionários locais, realizaram experiências com testes de medicamentos a serem incluídos em tratamento reumático.
Também estiveram envolvidas em testes com cobaias humanas a IMS Health Inc (EUA, Reino Unido), a AstraZeneca (Reino Unido, Suécia), Celltrion (Coreia do Sul), Sanofi (França), Galapagos NV (Bélgica), Janssen Pharmaceuticals (atualmente Johnson & Johnson Innovative Medicine, Bélgica).
Os experimentos em Mariupol se estenderam por vários anos incluindo pacientes do departamento psiquiátrico do hospital, conforme denunciou a Agência Sputnik, nesta segunda-feira 12, com base em documentos aos quais teve acesso.
Na lista de pacientes que receberam pelo menos um dos medicamentos dessas empresas havia também bebês de menos de um ano de idade – os documentos continham o número “0” para especificar a idade. Além disso, de acordo com essa lista, o medicamento foi aplicado em crianças de 1 a 11 anos.
Os relatórios que eram clandestinos foram encontrados por operários da construção civil em um porão do hospital de Mariupol durante o processo de sua reconstrução. Segundo os documentos, os dados pertencem ao setor psiquiátrico do hospital e foram elaborados entre 2008 e 2016.
Os medicamentos testados nas pessoas estavam em envelopes brancos onde não aparecia nenhum nome, apenas o número GLPG0634-CL-203.
O objetivo principal do estudo era avaliar a eficácia dos fármacos em relação à proporção de pacientes que obtiveram uma resposta com base nos critérios do Conselho Americano de Reumatologia (ACR, na sigla em inglês).
CONTÊINERES COM ENDEREÇOS DOS EUA, SUIÇA E REINO UNIDO
Os documentos incluem ainda as empresas Abbott Laboratories (EUA), Covance (atual Labcorp Drug Development, EUA), Merck KGaA (Alemanha), Centocor Biopharmaceutical (Holanda), bem como o departamento Samsung responsável pela produção de equipamentos médicos.
Além disso, foram encontradas caixas no local, que continham muitos envelopes prontos de empresas de logística e contêineres para o biomaterial com endereços destinatários de laboratórios nos EUA,na Suíça, e no Reino Unido.
Documentos do hospital de Mariupol não são a única evidência de que pacientes de clínicas psiquiátricas ucranianas eram usados em experimentos de interesse de especialistas ocidentais.
Na primavera de 2022, o Ministério da Defesa da Rússia revelou que mais recentemente, entre 2018 e 2021, cientistas norte-americanos testaram medicamentos biológicos potencialmente perigosos em pacientes do Hospital Psiquiátrico Clínico Regional 3, na cidade de Kharkov, também do Hospital Psiquiátrico Nº3, na cidade de Merefa, região da Carcóvia, e que eram escolhidas pessoas com distúrbios mentais levando em conta sua idade, nacionalidade e estado imune.
Entre 2018 e 2020, os EUA destinaram US$ 32 milhões para os laboratórios biológicos na Ucrânia. Os laboratórios enviaram pelo menos 16 mil bioensaios para fora do país, informou o porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia, Igor Konashenkov.