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Luciana Santos, presidenta nacional do PCdoB e vice-governadora de Pernambuco, comemorou a derrubada do veto de Jair Bolsonaro à Lei das Federações Partidárias e conclamou os democratas pela unidade contra o governo de Jair Bolsonaro.
As federações são “uma vitória da democracia”, vão “juntar partidos de pensamento programático para influenciar os rumos do país” e serão benéficas no “plano de reconstrução nacional” ao fim do governo Bolsonaro, comentou.
O Senado e a Câmara votaram, na última segunda-feira (28), e derrubaram o veto de Jair Bolsonaro às federações partidárias e outras leis que tinham sido aprovadas no Congresso.
Luciana Santos explicou que a “cláusula de barreira”, lei que extingue partidos que não atingem determinado percentual dos votos para deputado federal, estava causando “muita inquietação no sistema eleitoral brasileiro” e coloca em risco partidos com forte atuação no Congresso Nacional.
“Muitos partidos e lideranças importantes, que cumprem um papel na luta de ideias, não se viabilizariam no sistema de hoje”, avaliou.
A presidenta do PCdoB, que participou do programa Olhar 65 com os jornalistas Osvaldo Bertolino e Adalberto Monteiro, acredita que a “força” da federação partidária “advém de um sistema eleitoral que impõe uma concentração de partidos, impõe uma espécie de congelamento do sistema partidário”.
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“A federação independe do sistema eleitoral. Ela pode existir tanto no sistema proporcional como no majoritário. É uma inovação na política brasileira”, ressaltou.
Já publicado no Diário Oficial, a Lei das Federações Partidárias estabelece que dois ou mais partidos poderão se unir em uma federação, que terá duração mínima de quatro anos, e atuar como uma única legenda, com programa único e fidelidade partidária.
Ainda assim, os partidos manterão sua identidade e autonomia.
As federações serão “plurais e vão dar autonomia aos partidos” e possibilitará “o diálogo em torno de bandeiras programáticas, de desafios que muitas vezes não podem ser de um partido isoladamente”.
A lei “aprimora o sistema partidário brasileiro e força a convergência programática”, pontuou a vice-governadora.
A votação da Lei das Federações Partidárias foi relatada pelo deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) e contou com o apoio de diversos setores e partidos.
O presidente do Cidadania, Roberto Freire, comemorou a derrubada do veto e disse que as federações possibilitam a união entre partidos com mais qualidade do que as coligações eleitorais.
Os senadores Marcelo Castro (MDB-PI), Simone Tebet (MDB-MS), José Aníbal (PSDB-SP), Jean Paul Prates (PT-RN) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) estão entre os que defenderam a derrubada do veto de Bolsonaro.
No Senado, o veto de Jair Bolsonaro foi derrotado por 45 votos contra 25. Na Câmara, foram 353 contra 110.
Luciana Santos disse que o PCdoB buscará conversar com partidos com os quais tem “afinidade política e programática”. “Vamos fazer conversas preliminares com as forças que compõem o nosso espectro político”.
A presidenta do PCdoB disse que “nós vamos poder juntar, em um exercício de unidade, aqueles que pensam parecido, e não os que pensam igual”.
Ela não descartou formar uma federação com mais de um partido e disse que aposta “na construção da frente mais ampla possível do nosso espectro de forças, que caiba a todos que defendem a democracia, que lutam pela soberania e pela justiça social”.
FRENTE AMPLA PELO FORA BOLSONARO
Ainda no programa, Luciana Santos reforçou que o PCdoB defende a união de todos os partidos e lideranças que são contrários ao governo Bolsonaro nas manifestações pelo impeachment.
No próximo sábado (2), Luciana, o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) e a ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) estarão na manifestação na Avenida Paulista.
“Somente amplos espectros da sociedade, das forças políticas e sociais, vão poder impor uma derrota a Bolsonaro para que ele possa pagar por seus crimes contra a vida e contra o país, que são inúmeros”, enfatizou.
“Esperamos que as manifestações sejam um passo a mais na construção do Fora Bolsonaro. Nós precisamos ter esse espírito”, disse.
“Alguns dizem que ‘esses foram os que deram o golpe, esses foram os que apoiaram o Bolsonaro’. Mas não são mais, estão arrependidos. Que bom que seja assim!”, afirmou.
“Isso quer dizer que vamos com essas forças e lideranças em 2022? Não. Quer dizer que essas forças têm algo muito importante para que realizemos 2022 com êxito: eles, agora, são Fora Bolsonaro”, concluiu Luciana.