Líderes da base governista e figuras carimbadas do bolsonarismo, como Carla Zambelli (PSL-SP), também aprovaram triplicar o fundão. Agora, vão para as redes e mentem dizendo que são contra
A votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias deixou a família Bolsonaro e o governo federal em maus lençóis. Tanto o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) quanto o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), além dos líderes do governo nas duas casas e figuras carimbadas do bolsonarismo, como Carla Zambelli (PSL-SP) e Bia Kicis (PSL-DF), votaram a favor de triplicar o valor do fundo eleitoral e, depois, foram às redes sociais mentir para os eleitores e dizer que são contra.
A oposição votou majoritariamente contra a majoração dos recursos destinados ao fundo eleitoral. Já a base governista majoritariamente, inclusive seus líderes, defendeu e votou a favor da aprovação do novo valor do fundão. O Congresso Nacional elevou para R$ 5,7 bilhões o valor previsto para o Fundo Especial de Financiamento de Campanha em 2022 — o chamado fundo eleitoral, destinado ao financiamento de campanhas políticas.
Os governistas incluíram na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2022 uma nova regra de cálculo para o fundo que, segundo técnicos do Congresso e parlamentares, levou ao novo valor. Os seguidores de Bolsonaro, que usavam as redes sociais para fazer demagogia, se dizendo contra os fundos, partidário e eleitoral (o próprio Flávio Bolsonaro usou recursos do fundo partidário para pagar advogados), agora estão indo para as mesmas redes tentar justificar o seu voto.
CAIU A MÁSCARA DA DEMAGOGIA.
O deputado Marcelo Ramos (PL-AM), vice-presidente da Câmara Federal, advertiu o deputado Eduardo Bolsonaro por mentir sobre a votação. “Ninguém do governo se manifestou contra”, afirmou. Ele chamou Eduardo Bolsonaro de irresponsável por não assumir que votou a favor da proposta.
“Quero dizer ao deputado Eduardo Bolsonaro que ele tenha coragem de assumir seus votos, atitudes e posturas. O partido do deputado Eduardo Bolsonaro, o líder do governo do presidente, nenhum deles protestou. É muito fácil, depois da votação simbólica, ir à rede social dizer que votou contra e tentar transferir responsabilidades”, disse Marcelo Ramos.
O aumento do fundo eleitoral, que teve apoio dos líderes da base governista, foi incluído pelo relator, deputado Juscelino Filho (DEM-MA), no seu relatório final apresentado às 7h22 de quinta-feira (15). No fim da manhã, o projeto foi aprovado na Comissão Mista de Orçamento (CMO). À tarde, pelos deputados no plenário e no início da noite, pelos senadores.
O valor do fundo eleitoral teve um aumento de 185% em relação aos recursos que foram destinados ao pleito de 2020, sem descontar a inflação, quando os partidos tiveram R$ 2 bilhões de Fundo Eleitoral. Em 2018, último ano de eleições presidenciais, os partidos tiveram R$ 1,7 bilhão.